O processo de individuação...

Morrer é coisa indestrutível...
Muitas ações caritativas, se fossem avaliadas profundamente, talvez trouxessem à tona revelações surpreendentes e inesperadas. Ainda que não o admitamos, somos bons atores representando nossos papéis com as máscaras mais apropriadas. Qual é a sua?

Nascemos orientados para uma integração pessoal, mas logo nos adaptamos à família, escola, amigos, trabalho e desenvolvemos nossas máscaras sociais. Ganhamos socialmente e nos perdemos interiormente! Até que um dia chega a crise e busca pelo sentido da vida... Como integrar potencialidades e sintetizar contradições? Assim, querendo ou não, iniciamos o processo de individuação, ajuntando cacos e unido o fragmentado...

Passamos pelas seguintes etapas (etapas sequenciais de Jung):
1. Chamado ou vocação. Sentimos uma misteriosa comoção interna (convite ou insatisfação com a vida) que leva a mudanças substanciais. Tomamos consciência de um chamado que exige uma resposta e ambas originam um caminho... Momento de discernimento!

2. Des-alienação parental ou sair de casa. A continuação, renunciamos às dependências familiares, sociais (mundo conhecido), seguranças e pertenças. Novos rumos, novos companheiros/as de caminhada... Momento de fascinação!

3. Tirar máscaras. Na busca por maior verdade, nos despojamos das diversas máscaras com as quais o nosso “EU”, para se defender, construíra uma identidade baseada na superficialidade e nas aparências. Foi necessário reconhecê-las, para se encontrar com a verdade do próprio ser. Momento de dor!

4. Integração da sombra. Olhar as próprias debilidades, o lado mais escuro e negado e que geralmente se projetava nos outros, não foi fácil. Só ao acolher e aceitar esse lado escuro é que nos formos tornando mais compassivos, até com as limitações dos outros. Momento realista!

5. Descoberta da anima/animus. A complementariedade é um mistério. Nossa personalidade interior, até agora ignorada pelo EU consciente e oposto à máscara, nos é revelada e apresentada... Nos homens a “anima”, lado feminino da psique, apresenta o ideal feminino e nas mulheres o “animus” apresenta os ideais masculinos... Reconhecer o próprio animus/anima permite não projetá-lo nos outros, nem sempre no sexo complementar. Às vezes acontecem distrações... 

6. Passagem pelo sofrimento e acesso à sabedoria do Espírito. Para crescer, passamos pela crise (experiência de morte; sentir-se derrotado, ferido, humilhado...) e tomamos consciência de sermos necessitados, dependentes, carentes... Ganhamos simplicidade, humildade, sensatez. Momento de gratidão!

7. Unificação integradora entre o EU consciente e o EU profundo. Depois de um certo tempo e sofrimento vivenciamos a totalidade e a integração dos aspectos diversos e escondidos da nossa personalidade. Experimentamos, então, plenitude, realização, iluminação... Momento de realização!

Inácio de Loyola e todos nós passamos por esse processo de "Cristificação". Os Exercícios Espirituais nos fazem passar por este caminho de individuação, de transformação e experimentar maior segurança humana. O que somos é compartilhado positivamente com todos!

Uma pergunta: Conheci pessoas que só compartilhavam seu lado mais negativo... E você?

2 comentários:

  1. Querido Pe. Ramon,
    Como sempre textos objetivos, claros e que nos levam a pensar.
    Gostei da inclusão da música no seu blog.
    Grande abraço e boa semana,
    Lylia

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