18. Lutas do coração...

Não é fácil buscar sempre o melhor caminho...
Quando se pensa em vocação o coração é o primeiro a sofrer. São tantos os afetos desordenados e as amarras que temos! Os combates e as grandes rupturas acontecem no fundo da alma... Além disso, nossa história pessoal também guarda experiências afetivas que nos marcaram negativamente. Esses registros devem ser trabalhados e partilhados, antes das grandes decisões. Haja objetividade e equilíbrio!

Não temer o passado e viver plenamente o presente é sinal de maturidade. Os maiores conflitos ocorrem quando o nosso “eu” profundo não consegue sintonizar com os “valores” almejados. Queremos uma coisa e fazemos outra...

Uns erram por estar excessivamente centrados em si mesmos. Uma vida harmoniosa expressa a reciprocidade entre o que se é e o que se escolheu viver. Pessoas distraídas, agressivas ou acanhadas demonstram com suas atitudes, dificuldades afetivas ainda não bem conhecidas e elaboradas.

Neste mistério da decisão vocacional já encontrei pessoas que querem o que não podem e outras que podem, mas não querem. Não basta, pois, o desejo da vontade; é preciso igualmente aptidões humanas que possibilitem tal anseio.

O casamento precisa da aceitação e o bom viver de duas pessoas; a vida religiosa (ser padre, irmã/o) exige também esta dupla decisão: a do candidato e a da Instituição (Congregação Religiosa, Diocese, etc.) e, posteriormente a fidelidade vivida. Quando ambos discernimentos coincidem, os das pessoas ou o da pessoa e a Instituição, temos clareza vocacional e a possibilidade que dê certo.

A convivência matrimonial ou a possível entrada numa comunidade religiosa pressupõe uma observação cuidadosa das aptidões humanas e disposições emocionais das pessoas. Conhecer a história da vida e as suas "marcas mais significativas", permite viver com maior segurança o decidido. Só assim, estaremos aptos para fazer a vida com outra pessoa ou instituição. Nossa felicidade não se baseia na sorte de uma brincadeira...  

Para opções importantes usamos o coração, mas também a razão. Precisamos conhecer bem, antes de decidir. Conhecer-se e perceber as motivações válidas que temos e as que não queremos. Nessa alternância quase instintiva, a razão buscará mais o consistente e positivo, permitindo uma escolha certa.

Há, pois, motivações conscientes adequadas e outras inconscientes, adequadas ou não. As primeiras podem ser meramente humanas, mas sempre deveriam ter um viés gratuito. As motivações inconscientes podem ser até inadequadas, mas quando vão acompanhadas das "conscientes positivas", não prevalecem e fazem possível uma opção duradoura.

Optar por uma vocação exige auto-conhecimento das suas qualidade e fragilidades, como também das exigências que essa vocação comporta. A vocação melhor para cada um é aquela que lhe permite ser e viver com maior generosidade.

É fundamental colocar-se de modo coerente diante de si, dos outros e de Deus. 
Desse modo, cresceremos nas dimensões básicas do ser humano: física, intelectual, afetiva, social, moral e espiritualmente.

Para finalizar, uma boa dica: Não peça a Deus para eliminar suas dificuldades, mas força para superá-las! Viver é sonhar até o impossível! 


Uma pergunta: Você luta pelos seus sonhos e anseios? 

5 comentários:

  1. Isso me ajudou tanto que o senhor não tem noção!
    Obrigada, Padre Ramón!

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  2. Me ajudou muito também. Obrigada, pe.Ramón.
    Vanessa

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  3. Existem pessoas, que primeiro tomam a decisao, para depois pensar.
    Casam-se para depois pensar. Teêm filhos para depois pensar.
    Trabalhando em hospital, encontrei muitas mulheres, que queriam ter filhos mas, nao queriam ser maes. Decisoes tomadas sem discernimento pode complicar toda uma vida.
    Grande abraço Pe. Ramón

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    1. Gostei desse seu grifo: TER filhos x SER mãe.

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    2. É...interessante mesmo delinear essas diferenças: ter filhos não significa ser mãe!

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