Maturidade humana e consistência vocacional...

Posso e quero?...
Que grau de maturidade se requer naquele que opta pela Vida Religiosa (VR) ou Sacerdotal? A resposta é fácil: um desenvolvimento humano normal. Que essa pessoa conheça seus próprios limites e qualidades e tenha uma boa autoestima, para tomar decisões objetivas. A imaturidade afetiva prejudica profundamente os relacionamentos interpessoais.

Algumas condições humanas indispensáveis para ser religioso (características da maturidade vocacional e emocional):

1. Superação das frustrações.  O imaturo não suporta a frustração, pois a vive como uma grande ameaça, daí suas reações negativas: Crítica corrosiva, fechamento, desordem na sua personalidade... Uma pergunta: Você assume sem traumas a solidão e as decepções sem se descontrolar?

2. Controle da insegurança. A pessoa imatura se desorganiza emocionalmente e reage negativamente e de modo desproporcionado diante dos revesses da vida.

3. Resistência às solicitações. A pessoa madura, diante da pressão dos outros, permanece senhor de si; é coerente com os próprios valores, além de tomar decisões sem muito drama levando adiante as suas determinações positivas.

4. Adaptação às situações novas. Toda inovação cria insegurança, mas a pessoa madura não se desorganiza emocionalmente, permanecendo substancialmente fiel aos seus valores. O imaturo, pelo contrário, sente-se ameaçado e recorre a comportamentos infantis ou a mecanismos de defesa pelo medo de perder a estima. O verdadeiro sentido de pertença é um bom sinal.

5. Capacidade de autocontrole. A pessoa madura é coerente com seus valores mesmo na ausência da autoridade, pois está convicta do seu agir moral. O imaturo gruda em regulamentos externos ou pessoas, para justificar seu agir.

6. Movido por um ideal. O ideal verdadeiro impulsiona; o falso dispersa. A opção fundamental inspira nossa conduta e aspirações. As inclinações, para serem tomadas a sério, devem ser positivas e constantes e não apenas caprichos passageiros à mercê de sentimentalismos momentâneos.

7. Comportamento flexível e criativo. A pessoa madura considera a realidade em que vive e sabe se adaptar, pois distingue o essencial do acidental. O imaturo é rígido e se fixa em posições egocêntricas, despreocupando-se com as necessidades dos outros.

8. Aceitação do passado. As lembranças dolorosas ou felizes e os acontecimentos vividos não provocam desorganização interior, na pessoa madura, pois é capaz de tirar proveito dos sucessos como dos fracassos. Ressentimentos, mágoas e depressões são expressões de um passado reprimido e perturbador, produzindo comportamento limitados e inadequados.
9. Memória agradecida. A memória exerce um papel incrível em nossa personalidade, pois arquiva registros que simplesmente nos governam ou desorientam. Não há mudança sem a conversão da memória. Recordações negativas constantes perturbam e nos fecham. "O importante não é o que fizeram comigo, mas o que eu faço com o que fizeram comigo". Uma pessoa ressentida com sua história pessoal e familiar machuca seriamente seu coração e a sua consciência. A nossa memória sustenta a nossa identidade e vocação.

10. Exercício da liberdade. Escolher positivamente é um exercício saudável. Na vida somos obrigados a fazer escolhas. Ou nós decidimos ou outros o farão por nós! Muitos temem assumir responsabilidades e as suas consequências. Sem amor não há compromisso.

11. Capacidade de dar e de receber. A pessoa madura tem uma disposição altruística e é capaz de se doar aos outros. Está sempre disponível: Posso ajudar? O imaturo, pelo contrário, se poupa, pois não acolhe nem se doa.

12. Aceitação do sentido de culpabilidade. A pessoa madura tem consciência das suas limitações e dos erros cometidos. O imaturo, pelo contrário, se culpa e não tira proveito para crescer com os revesses da vida.

13. Capacidade de esperar. A pessoa madura vive intensamente o presente sem pressa e com um sentido de confiança no futuro. O imaturo, pelo contrário, permanece fixo no passado e não suporta a ânsia do futuro.

14. Poder de sublimação. A pessoa madura identifica sua autorrealização com a concretização de valores. Isso lhe permite investir suas energias no engajamento escolhido enfrentando o cansaço e até os sacrifícios pertinentes, sem frustração. É mais importante revestir-se de bons hábitos interiores do que vestir um hábito religioso exterior. Internalizar valores e deixar de lado o que não é compatível com a condição assumida, suscita a verdadeira pertença.

15. Conscientização. Quem é maduro percebe objetivamente seus pensamentos, sentimentos e ações e busca sempre maior coerência. O imaturo, pelo contrário, se engana e engana com suas constantes mentiras.

16. Elaboração das perdas. Quem não aprende a perder não cresce nem evolui. Algumas vezes, as perdas são consequências de nossas escolhas e decisões. As renuncias são consequência de nossas escolhas.

17. Capacidade de amar e ser amado. A estrutura de toda vocação é relacional (Deus-pessoa; pessoa-pessoa...), por isso é fundamental amar e ser amado. Sem o amor, não há compromisso. Alguns precisam abandonar a dependência afetiva que nasce do medo de não ter sido amado o suficiente. Quem vive esse medo não é livre e vive o AMOR como um vazio a ser preenchido, ou uma ferida a ser curada, mais do que um DOM a ser partilhado. 
18. Experiência de integração. A pessoa madura procura conviver equilibradamente seus impulsos, sentimentos, desejos e projetos no seu eu profundo. O resultado disso é o perfil de uma pessoa integrada, dona de suas energias, capaz de ternura e de gestos profundamente humanos; capaz de desejar o bem e de se deixar atrair por ele. A pessoa imatura vive a sobreposição de valores (antigos e novos) e a multiplicidade de mapas de orientação (identidades e normas). Daí, o seu "eu" fragmentado, os conflitos e contradições e descontinuidade com o melhor de si.

19. Amor altero-cêntrico.  A pessoa madura confia em si e nos outros. A auto-aceitacão lhe permite estabelecer relações interpessoais de modo aberto, sem ciúmes ou competitividade, evitando a dependência infantil ou a independência adolescente. A sua auto-determinação para o serviço nasce de uma justa e objetiva avaliação de si e dos outros e na capacidade de tomar decisões em comum.

20. Identidade pessoal. A pessoa madura responde prontamente à pergunta: "Quem sou eu?", pois tem sua identidade e sentido de pertença definidos. O sentido de identidade é fundamental e satisfaz em profundidade. Sem ele há dispersão, distração e até adução afetiva momentânea e descartável.

Uma pergunta: Você é maduro emocionalmente na sua vocação?

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