Por que recordamos o nascimento de Jesus? (Pe. Álvaro M. Pimentel SJ)

Esta é para nós uma data tão importante que até o nosso calendário está organizado entre um “antes” e um “depois” de Cristo. Nós vivemos no ano 2014 d.C. ou, como alguns preferem dizer, no ano 2014 da era cristã. Mas por que Jesus foi, em seu tempo, e continua sendo, para nós, tão importante?
Ele nasceu pobrezinho, em Belém, na Judeia, numa região sem muito destaque, na época do Império Romano. Trabalhou como carpinteiro, vivendo discretamente na pequena cidade de Nazaré. E somente aos 30 anos, mais ou menos, iniciou a carreira de pregador e taumaturgo. Reuniu discípulos, foi reconhecido como um mestre diferente, que falava com autoridade, mas terminou seus dias condenado à morte e crucificado, como se fora um ladrão. Quem diria que este Jesus mudaria, com seu ensinamento e o exemplo de sua vida, a história do mundo? Quem poderia prever que ele venceria a morte e se transformaria na razão de viver de seus inumeráveis discípulos, nos últimos dois milênios? O que fez Jesus para que nós o consideremos a referência central da história da humanidade?
Nós recordamos Jesus porque ele é o criador da noção de “Fraternidade. Jesus realmente viveu e pregou uma “igualdade de irmãos” entre todas as pessoas. Assim, ele conferiu a mesma dignidade a homens e mulheres, ricos e pobres, judeus e gregos. E fazia que todos se sentissem membros da mesma família, porque merecedores da mesma herança, ou seja: a salvação divina. Antes de Jesus, o Cristo, ninguém pensava assim.
Ele também nos ensinou que Deus é nosso Pai e nos perdoa sem cessar. Aliás, como poderia haver irmãos sem uma origem comum? E como os irmãos aprenderiam a se amar se não recebessem, primeiramente, o amor de quem os gerou? Deus é Pai e nos ama com amor incondicional. Por isso nós rezamos o Pai-Nosso e, em muitos lugares do mundo, pessoas que nunca se encontraram o fazem de mãos dadas.
O amor de Deus não se compara com nenhum outro amor que conhecemos. Vai além de tudo o que sabemos e é tão profundo, em Deus, que dizemos: “Deus é o próprio amor”. E isto a humanidade só descobriu depois de Cristo.
Antes de Jesus, não havia a noção do valor infinito do homem e da mulher. Apenas algumas pessoas eram consideradas “sagradas” ou mais valiosas do que as outras, porque tinham contato direto com Deus, como era o caso dos antigos Reis e Sacerdotes. Mas Jesus ensinou que Deus se entrega, igualmente, a cada um de nós. Ele nos revelou quem nós somos, realmente, quando nos revelou quem Deus é. E nos ensinou a encontrar este valor na “vida interior”.
Na época de Jesus, havia poucas palavras para falar da vida interior. Jesus e seus seguidores abriram para a humanidade o mundo do coração, da interioridade, dos sentimentos profundos, das intenções e de algo sem fim que flui em cada um de nós. Ele chamou de Espírito Santo esta presença divina interior ao coração humano. E nos ensinou que cada pessoa é um templo sagrado de Deus, o qual se comunica e se entrega a cada uma. Por isso, todo homem e toda mulher têm um valor infinito. Abriu-se a cúpula do mundo e o Deus distante dos filósofos fez-se próximo. Eis o ápice da Revelação, dada em Jesus!
Por todas estas coisas, Jesus marcou a humanidade de um jeito irreversível. Não é mais possível pensar a história como se Jesus não houvesse existido. Nós, definitivamente, vivemos na “era cristã”. Podemos até esquecer-nos de Jesus, mas isto significaria esquecer-nos de quem nós somos e dos motivos de sermos assim.
De qualquer modo, nós hoje temos razões de sobra para recordar Jesus e o grande movimento por ele iniciado e levado adiante por seus seguidores, ao longo dos últimos dois mil anos. Sim, temos motivos para dizer, com alegria e gratidão: Feliz Natal!



Um comentário:

  1. Feliz Natal Pe. Ramón!
    E agradecida pela oportunidade de aprendizado com seu blog.
    Que Jesus com seu dom carismático também,
    não tarde sua volta para mais uma oportunidade
    de realimento como pão vivo descido do céu.
    Paz e bem

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