Quarta-feira de Cinzas...

Converte-te e crê...

O Ano Litúrgico é um “tempo terapêutico” que toca, desvela e transforma todas as dimensões da vida. A Quaresma e a Páscoa são consideradas tempos de intensa mobilização para a mudança interior e comunitária, “metánoia”, conversão, fazer o retorno, ter diante dos olhos outro caminho a percorrer, tomar outro atalho com uma mudança de direção.
 
O caminho para a transformação começa simbolicamente com a “Quarta-feira de Cinzas”. Com a imposição das cinzas, reconhecemos a necessidade de dar outro rumo à vida, mudar nosso coração de pedra por um coração de carne, misericordioso e humano. A liturgia da Igreja, ao traçar a cruz com cinzas na fronte de cada um, proclama: Convertei-vos e crede no Evangelho...”. Mude de caminho, assuma a causa de Jesus de Nazaré.
 
As “cinzas” são o símbolo daquilo que morreu e foi reduzido à sua expressão mínima. Cinzas obtidas dos Ramos que na celebração do ano anterior nos ajudaram a fazer memória da entrada triunfante de Jesus em Jerusalém. O modo de louvar, de rezar, de celebrar do ano passado, já não serve mais; não podemos usar os mesmos ramos, os mesmos argumentos, a mesma intensidade.
 
Os ramos transformados em cinzas passaram pelo fogo. Converter em cinza o que é caduco e ultrapassado, sentir-nos esvaziados de nossas falsas seguranças e ilusões. Atrever-nos a viver com maior intensidade e criatividade, em direção ao novo que nos humaniza. Que o “sopro do Espírito” nos leve para onde quer que seja, em nome de Jesus.
 
Viver as “práticas quaresmais”: jejum, esmola e a oração com novo ardor. Jejuar significa ativar e reforçar os dinamismos humanos oblativos, aqueles que nos descentram e nos expandem na direção do serviço e do compromisso com o outro, sobretudo os mais pobres e excluídos. Dar “esmola” implica fazer da vida uma contínua “oferta”, atenta à realidade do outro. Viver o espírito de partilha. E viver na perspectiva do outro é oração.
 
Em atitude orante Jesus abre os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos, põe de pé os paralíticos e anima os desfalecidos... (Cf. Pe. A. Pallaoro sj)
 
Quaresma 2015: vida nova no horizonte!

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