Dia 2/NOV: Fieis Defuntos...

Hoje estarás comigo no Paraíso...

Há dias, a irmã morte passou perto de nós e escolheu pessoas queridas. Chegou sem avisar, elegeu sem pudor e se foi levando consigo parte de nós mesmos... 

A morte faz parte da vida, mas a gente não se acostuma com ela. Ela é sorrateira, ordinária e obscena, pois quando menos a esperamos se lança sobre a vítima e a despedaça, derruba e leva. Quem será o próximo? Nunca se sabe. Doença? Violência? Desastre?... Os desastres, inesperados, deixam-nos perplexos e seguem um roteiro dramático: UTI sangrento, velório e enterro fúnebres; dor interna, lágrimas externas e desconcerto generalizado. Tristeza para uns e, quem sabe, alegria para outros...

O que dizer nesse ambiente aos pais que por tanto tempo acalentaram seus filhos? E filhos que provavelmente desampararam seus pais... Sonhos perdidos, partidos, doídos! Talvez o nosso silêncio seja a melhor atitude nesse momento... 

Hoje comemoramos os fieis defuntos e lembramos com carinho verdadeiro (talvez falso?) de parentes, amigos e conhecidos... São tantos e tantas que já passaram pela nossa vida! Todos com nome, rosto e até apelido! Mas hoje, eu quero lembrar deles e delas, como flores bonitas e perfumadas que um dia nos seduziram e encantaram.

No decorrer da vida temos aprendido algumas coisas e uma delas, quase sagrada, é o valor da amizade. Ela é importante! Curtir como crianças a presença dos outros, enquanto caminham conosco, e se alegrar simplesmente com isso. Rir de coração cheio, em céu de brigadeiro e, às vezes, até chorar juntos, à luz das estrelas! O que mais dizer? A vida é bonita e o Senhor habita nela. Ela começa, mas não termina...

Sem juízos nem preconceitos peço a Deus pelos que já partiram e ao mesmo entrelaçaram, de algum modo, as nossas vidas. Caminhar juntos foi um mistério gostoso e agora na ausência nos deparamos com ele de outra maneira.

Aos que ficam um apelo: não desperdice o seu tempo; ele é curto e precioso!

E termino rezando, pois acredito na Ressurreição: Faz, Senhor, que nossas vidas sejam sempre positivas para os outros. Que a verdade e o amor se misturem às nossas palavras e gestos. E quando a irmã morte chegar e nos pegar pela mão, possamos confiantes partir e agradecer sempre pela vida partilhada...

E, oxalá possamos, como santo Estevão, seu discípulo predileto, dizer: Vejo os céus abertos e Jesus de pé, à minha espera...