Fazei
isto em memória de mim...
Nesta
Quinta-feira Santa, celebramos o Amor até o extremo e a radicalidade da ternura que se faz cuidado. Jesus é a misericórdia em ação, vivida com
as pessoas mais oprimidas e exploradas. N’Ele se faz carne e se revela o rosto
do Deus todo cuidadoso que vela pela dignidade de toda criatura, que “não
quebra o ramo já machucado nem apaga o pavio fraco de chama” (Is 42,3).
A Igreja do Brasil (CNBB) nos alertou para os perigos da
devastação do meio-ambiente, além de despertar a
atenção do povo cristão para o cuidado e proteção da Criação. O “Cultivar e guardar” nascem da admiração. Tocados pela bondade e diversidade dos biomas, somos
conduzidos a uma grande ação de graças. E
a Eucaristia é o momento privilegiado para isso.
A presença real de
Jesus, no pão e vinho da Eucaristia, nos desperta a reconhecê-Lo presente no
coração do Cosmos e da História. Céu e Terra estão integrados; o finito
se faz espaço e revelação do Infinito, e Deus acontece nas relações humanas
interpessoais e nos cuidados por tudo que diz respeito à harmonia neste mundo.
Pela
Eucaristia somos confrontados com a presença
transformadora de Deus em tudo e em todos.
A Eucaristia nos educa no respeito e
cuidado para com tudo aquilo que nos cerca. Tudo e todos são sinais
do divino, que rejeita toda forma de dominação e exclusão, exploração e divisão,
substituindo-os pelo respeito e cuidado que integra a natureza, promove a vida e
confraterniza a convivência.
O Papa Francisco na encíclica “Laudato Si” (n. 236) alude a esta dimensão cósmica da
eucaristia. Porque no pão e no vinho
se concentra toda a essência da Criação. “A Criação encontra sua maior elevação na
Eucaristia... O Senhor quis chegar ao nosso íntimo através de um pedaço de
matéria. Não o faz de cima, mas de
dentro, para podermos encontrá-Lo no nosso próprio mundo. Na Eucaristia, já
está realizada a plenitude, sendo o centro vital do universo,... A Eucaristia
é, por si mesma, um ato de amor cósmico... A
Eucaristia une o céu e a terra, abraça e penetra toda a criação. O mundo,
saído das mãos de Deus, volta a Ele em feliz e plena adoração: no Pão
eucarístico, a criação está orientada
para a divinização.
O texto acima é, sem dúvida de uma grande densidade
teológica. Os dons eucarísticos, o pão e
o vinho são parte da criação, “um
pedaço de matéria”. Os dons apresentados são uma representação do cosmos
inteiro. Todo o universo cósmico é
assumido e se faz visível na Eucaristia.
Quem come do Pão e
bebe do Vinho, entrega-se ao dinamismo da Ressurreição, comprometendo-se com a
luta contra as forças da morte: egoísmo, violência,
indiferença, corrupção, poluição...
Na
Eucaristia, o pão é partido para
significar a doação de Jesus. Na prática do amor, Jesus se
faz presente em todas as situações de exclusão envolvendo a todos com a
solicitude misericordiosa do Pai.
Comungar é comprometer-se.
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