A
ascensão das igrejas pentecostais fez reacender a fama dos olorixás e sobre tudo de Exu. Exu foi demonizado, mas ele não o é. Essa associação fez com que o orixá fosse mal interpretado e compreendido. No Brasil os missionários cristãos relacionaram Exu com o
diabo. Já em Cuba, por sua
característica de orixá brincalhão e esperto, foi sincretizado com o Menino Jesus.
Certo que o perfil tão humano de Exu foi via fácil para demonizá-lo, numa maneira superficial e ingênua, mas quem o conhece sabe que é um orixá fundamental na cosmovisão afro-religiosa.
É
bem verdade que a imagem do malandro carioca combina com Exu, tratado como o “homem das encruzilhadas”,
o “rei da noite”, “aquele que nunca dorme”. Essa descrição marginal tem muito a
ver com a situação social da população negra, sobretudo os homens negros, na pós-escravidão.
Como meio de sobrevivência, o que sobrou
para alguns foi a contravenção, e mesmo aqueles que conseguiram uma sub colocação,
seja no trabalho braçal das ruas, seja nas estivas, sofreram com o estigma da
criminalidade.
Exu
é o mais controvertido dos orixás, mas preconceitos e
estereótipos não definem ninguém. Se a discriminação contra as religiões de matriz
africana é grande, com esse orixá é ainda pior. A quantidade de
absurdos que se falam sobre Exu ou até as barbaridades que lhe atribuem estão
longe de traduzir quem de fato ele é.
“Disseram que eu era o diabo. Não sou diabo nem santo, sou Exu! Muito
prazer! Não ligue para o que dizem a meu respeito, tudo mentira! Quem pode me definir se sou a própria
contradição? Nem bom nem ruim, nem quente nem frio, nem sombra nem luz! Mas
não se engane, não sou meio-termo. Sou tudo e não sou nada! Ousadia é meu nome.
Estou sempre pronto, pra luta ou pra farra. Experimentei o melhor da vida, e
gostei! Se me disserem que é impossível, vou e faço. Se me pedir, eu dou. Se me
agradecer, eu retribuo. Se me der, eu aceito. Se me negar, eu tomo. Aos meus,
ensinei a rir da própria sorte, a ter esperança, a acreditar pra ver. Se a vida vai mal, sambo e esqueço. Se vai
bem, sambo e festejo! Já te disse meu nome? Sou Exu! Muito prazer!”
Senhor
dos caminhos e das encruzilhadas, mensageiro dos orixás, Exu é o dono da rua. Vale lembrar que a
encruzilhada tem uma importância simbólica universal, representando o centro e
o lugar de passagem entre os mundos dos homens e dos deuses. É a morada de Exu,
que tem justamente a tarefa de ligar o sagrado ao profano, sendo o orixá da
comunicação e o princípio dinâmico que rege a existência.
No
local em que duas ruas se cruzam, Exu recebe suas oferendas, atende e leva os pedidos dos homens aos
orixás. Ele que abre os caminhos, por isso é o primeiro a ser cultuado e sem
sua permissão nada acontece. As festas de rua, com muita gente, muita bebida e
muita alegria, são suas preferidas. É tradição dos terreiros de Candomblé que nenhum fiel brinque o carnaval sem prestar homenagens e reverências a Exu.
Seu símbolo chama-se Ogó. É um porrete de forma fálica que permite a
Exu se transportar pra qualquer lugar, a qualquer tempo. Exu fala todas as
línguas, conhece todas as dores e compreende todos os sentimentos. Está em cada
um e em todos e é o orixá que segue na frente e livra dos riscos e perigos.
Quem tem intimidade com Exu costuma
chamá-lo de compadre. A dicotomia excludente de bem e mal é conceito que não se
aplica ao Candomblé, pois o mesmo fogo que cozinha, também incendeia.
Exu
é o mais humano dos orixás e o mais poderoso dos homens. Aquele que desconhece o impossível, faz o
erro virar acerto e o acerto virar erro.
Eu não entendo dessas crenças afro, mas respeito quem as segue...
E você o que diz?
E você o que diz?
PARABENS PADRE RAMON !! O EUROCENTRISMO FOI MUITO MALEFICO PARA OS AFRICANOS !! GOSTEI DESSE SUA PUBLICAÇÃO... (Alfredo Jr)
ResponderExcluirtambém não entendo nada, mas tenho aprendido a respeitar.
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