Mulheres na Igreja primitiva...


A maioria dos cristãos desconhece que foram as mulheres que ajudaram a estabelecer muitas das primeiras igrejas na Grécia, na Turquia e em Roma, embora a tradição tenha atribuído tais fundações a Paulo.

Os primeiros seguidores de Cristo preservaram as cartas de Paulo (51-62 dC.), e os Atos dos Apóstolos de Lucas (80-90 dC.), que relatam as jornadas missionárias de Paulo.

É compreensível, pois, que os que vieram a seguir pensassem que Paulo fez tudo. Mas não foi assim. O próprio Paulo dá crédito a Prisca como "colaboradora em Cristo Jesus" (Rm 16, 3-5) e descreve Evódia e Síntique de Filipos como colegas que "lutaram ao meu lado na obra do evangelho" (Fl 4, 3). Ninguém saberia sobre essas líderes mulheres a não ser pelo trabalho de meticulosos estudiosos bíblicos que reuniram fatos dispersos que retratam Paulo e outros líderes masculinos da Igreja primitiva.

Os Atos dos Apóstolos identificam Lídia de Filipos como a precursora da primeira igreja da cidade (At 16, 6-40), e na carta de Paulo aos Filipenses sugere que um conflito entre duas mulheres - Evódia e Síntique – que ameaçava a unidade daquela igreja (Fl 4, 2-3). É provável que Evódia e Síntique estivessem entre os episkopoi e diakonoi (Fl 1, 1) a quem Paulo endereça sua carta.

Em Tessalônica e Bereia, as "principais mulheres" gregas apoiaram a missão de Paulo, mesmo quando os homens da sinagoga o expulsaram da cidade (cf. At 17, 1-15).

O cristianismo exerce uma atração especial nas mulheres pagãs. As mulheres com status — seja por negócios (Lídia era uma comerciante rica de tintas roxas) ou destaque social ("mulheres líderes" gregas) — ficavam muito atraídas pela mensagem de Jesus.

Mas por quê? Uma pesquisa recente sobre gravuras antigas em Filipos pode esclarecer essa interessante questão. Um autor levantou a hipótese de que o culto a Artemis influenciou o modo como as mulheres lideraram a comunidade de Filipos.

As astronômicas taxas de mortalidade materno-infantil da época mostram que as mulheres tinham uma relação íntima com a perspectiva da morte. Diversos relevos da acrópole contêm imagens de presentes oferecidos a Artemis em ação de graças para ter um parto seguro e bem-sucedido.

As mulheres de Filipos ouviam a mensagem cristã de maneira diferente dos homens, porque Paulo pinta a morte como algo positivo, e não como um perigo próximo e castigo: "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho." (Fl 1, 22).

As pessoas perguntam-se o que Lídia, "temente a Deus", e suas companheiras, faziam quando Paulo as encontrou naquele "lugar de oração", junto ao rio... Os prosélitos ou `temerosos a Deus´ não eram judeus, mas pessoas interessadas no judaísmo e passavam muito tempo na sinagoga. Mas não havia sinagoga em Filipos (Paulo, Timóteo e Silas teriam ido ao culto sabático, como era de costume). 

Afinal, o que Paulo estava fazendo no culto de uma mulher? O que sabemos é que Lídia "abriu seu coração" ao Evangelho, foi batizada, fez toda a família ser batizada e convidou Paulo e seus companheiros para ficarem em sua casa. Várias semanas depois, antes de sair da cidade, Paulo "confortou os irmãos e irmãs" que se encontravam em sua casa (At 16, 40). Lídia é modelo de liderança cristã numa comunidade.


As mulheres, na comunidade primitiva, foram fundamentais no seu crescimento e consolidação, como acontece ainda hoje...


Um comentário:

  1. precisamos reescrever também sobre o quão fundamental são as mulheres na Igreja hoje, tal foram na Primitiva.

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