“O que vos digo, digo a todos: vigiai!...” (Mc 13, 37)
Na vida cristã
vamos de começo em começo, através de começos sem fim.
Recomeçamos mais um tempo litúrgico,resituados na vida de uma nova maneira.
No evangelho deste primeiro domingo, o apelo de Jesus
(“vigiai”) pode ser traduzida por “estejam atentos”, “estejam despertos”. Por
que essa insistência? A grande tragédia
da vida não é tanto aquilo que sofremos, mas aquilo que perdemos. Por isso, despertemos!
“Você vive ou simplesmente sobrevive?” Os adormecidos precisam acordar para poder viver. Desperta, tu
que estás dormindo, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará... (Ef 5,14).
O maior inimigo da atenção e da vigilância é a rotina e o
modo de viver em “piloto automático”. Os hábitos permitem que façamos muitas
coisas sem precisar pensar, feitas sem discernimento.
Muitas de nossas rotinas são manias que
herdamos, atmosferas que respiramos, condutas que imitamos, maneiras de ser que
assumimos como próprias, e assim vamos nos habituando a viver na apatia, e na
falta de entusiasmo.
A rotina nos converte em figueiras estéreis, nos
seca por dentro, e nos deixa sem brilho nos olho e sem presença inspiradora em
nosso mundo. Sem perceber, o passado
engole o presente e ofusca o futuro. O Advento rompe esse mecanismo
insensato.
O Advento, como “primeiro movimento”,
é sempre atenção, convite a estar desperto para “fazer novas todas as coisas”. É tempo litúrgico da
criatividade, pois nos faz, e refaz. A
atenção
vigilante nos conecta com a vida, e o presente. Graças à atenção, vivemos na
consciência, acolhendo tudo a partir da lucidez e amando tudo a partir da
sabedoria; sintonizamos com a corrente da vida e passamos a viver o presente.
Em meio a
qualquer atividade, devemos acostumar a nos perguntar: “estou completamente aqui?”
Não somos a
“onda” que emerge, mas o “oceano” de onde a onda surge. Ver isto é “estar
despertos”.
Advento é tempo de vida e de
sabor; olhar, escutar, sentir, tocar, saborear
tudo como se fosse a primeira vez.
À luz do evangelho deste domingo, vemos que o tempo da ausência do dono da casa que
partiu em viagem não é um tempo morto, mas um tempo de intensa
espera centrada no Senhor que vem.
Muitos cristãos perdem a intensidade da espera;
e viver esperando o inesperado. O Senhor chega de forma surpreendente. Aguardamos
“o novo céu e a nova terra”.
Estamos diante
daquilo que podemos chamar de “Kairós” (tempo oportuno, carregado de inspiração). Tempo
qualitativamente diferente e denso, pois esperamos o
Cristo e saímos ao seu encontro.
Somos Igreja em saída e não aguardamos em uma “sala de espera”.
Para orar: Mc 13, 33-37
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