11º DTC: O REINO É VERDE... (Pe. A. Palaoro SJ)

“O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra; ... e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece...” (Mc 4, 26-27)

Todas as religiões se servem de relatos para revelar a verdade e fazer chegar até nós a sabedoria dos antepassados. A revelação mais antiga e universal é que a Terrae todas as suas criaturas são sagradas.

Como cristãos, seguimos Jesus Cristo, que a Terra, nossa casa comum, acolheu com amor. Os Evangelhos destacam a boa relação que Ele teve com a Terra: Caminhos andados, campos semeados, vento semelhante ao Espírito, árvores das parábolas do Reino, vinhas, figueiras... Jesus experimentou também a dureza da Terra,o calor do deserto, a tempestade acalmada, frio, chuva, brigas, doença, morte... 

ritmo da natureza inspirou Jesus para anunciar que o Reinotambém tem seu ritmo. Não somos nós que levamos o Reino, mas é nossa missão ajudar a desvelá-lo (tirar o véu) na vida humana. O Reino alcança a todos; ninguém fica excluído. 

Precisamos cultivar processos. O Reino tem seu tempo, o tempo de Deus, que não coincide necessariamente com o nosso. Saber distender-se nos processos nem nos paralisar diante de um ambiente de desencanto, é uma grande sabedoria. Atravessamos momentos favoráveis e luminosos como o dia, e momentos desfavoráveis como a noite. “O agricultor vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo...”

A melhor imagem que Jesus encontrou para expressar a “presença misteriosa” do Reino foi a da semente.Na semente acha-se presente uma grande força de crescimento. O importante é darfrutos no seu devido tempo.

O Reino é verde”.As parábolas do Reino nos animam a “descer” junto à natureza. As parábolas nos ajudam a desenvolver uma relação de proximidade com a terra. A relação com a terra, pegá-la entre as mãos, espremê-la, semear e plantar, regar e ver crescer, é um exercício espiritual; conhecer a terra e o entorno é conhecer o que torna possível a vida.A vida depende de uma fina camada de 15 centímetros. Dizem os cientistas que em um punhado de terra há mais biodiversidade que toda aquela que até o momento conhecemos no resto do Universo. E este milagre não nos diz nada?

O “novo” sempre nasce pequeno, frágil, oculto e a partir de baixo.As sementes, muito pequenas, colocadas na terra, desaparecem. No entanto, contém uma vitalidade oculta que as leva a germinar. O fundamental não é seu tamanho, senão a enorme força transformadora que contém e sua grande fecundidade.

Submergidas na terra, as sementesvivem um lento processo até poderem liberar uma vida nova e abundante. Para gerar vida, entregam sua vida.Não esqueçamos que somos terrae em terra nos converteremos.

Somos terra de Deus,alimentada pela seiva de seu Espírito. Sobre esta terra, Deus plantou a semente de seu Reino para que germine, cresça e dê frutos. O que essa semente carrega em seu interior é um novo modo de viver e conviver, em sintonia com todas as expressões de vida.
Como as sementesna terra, somos movidos a atuar a partir de dentro, transformando a realidade e mobilizando os meios mais simples, mas com criatividade e audácia. O movimento de enterrar profundamente as raízes possibilita alcançar a seiva, o pulsar da vida e o equilíbrio.

Somos terra que respira em comunhão com a comunidade das criaturas. Sentir-se Terraé perceber-se dentro de uma complexa comunidade de seres vivos: animais, pássaros e peixes, nossos companheiros dentro da unidade sagrada da vida. A Terra produz, para todos, condições de subsistência, e de crescimento no solo, no subsolo e no ar. Terra, nossa “casa comum”!

É para Deus que tudo converge. É Ele que tudo sustenta. É Ele que, no Amor, tudo atrai.

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