EPIFANIA É IR AO ENCONTRO DO OUTRO... (cf. P. A. Palaoro SJ)



 “Por que é que os homens se deslocam em vez de ficarem quietos”? Somos seres de travessia. As viagens nunca são apenas exteriores; deslocar-se implica uma mudança de posição, ampliação do olhar, adaptação a realidades e linguagens diferentes que deixam impressões muito profundas.

Toda viagem é uma etapa da descoberta e da construção da própria identidade e do conhecimento do mundo que o cerca. A viagem é capaz de introduzir na vida elementos inéditos que incitam a uma mudança contínua. Nada mais anti-humano que uma vida estabilizada e fechada pelo medo do diferente...

Mais do que viajantes, aos poucos vamos nos descobrindo peregrinos. À medida que caminhamos, a realidade torna-se sempre mais aberta e nós nos enriquecemos muito mais. A peregrinação não tem propriamente um fim: tem uma extraordinária finalidade. No caso dos Magos é o encontro com o “Rei de Israel”.

Na noite de Natal, Jesus se manifestou aos pastores, homens pobres e humildes, que foram os primeiros a se deslocarem para levar um pouco de calor à fria gruta de Belém. Agora são os Magos que chegam de terras longínquas. 

Os pastores e os Magos nos ensinam que para encontrar Jesus é necessário saber levantar o olhar para o céu, não fixar-nos em nós mesmos, e ter o coração e a mente abertos ao horizonte de Deus.

A experiência dos Magos nos exorta a não nos contentar com a mediocridade, a não permanecer adormecidos e estáticos, mas a buscar o sentido das coisas, a perscrutar com paixão o grande mistério da vida. Eles nos ensinam a não nos escandalizar frente à pequenez e à pobreza, mas a reconhecer a majestade na humildade e saber ajoelhar-nos diante dela. 

Os Magos vêm do Oriente e caminham para a luz. A desorientação é a perda do sentido, do caminho, é viver na escuridão. Epifania é buscar e caminhar para a luz.

Mateus termina seu relato notando que, uma vez que os magos se encontraram com o Menino Jesus, “regressaram por outro caminho”.

Quem se encontra com Jesus voltará à sua casa, ao seu trabalho, às suas ocupações, mas já não será o mesmo. Voltará de outra maneira, por outro caminho, com um coração dilatado e um espírito renovado. Quem se encontra com a Criança de Belém, dá-se conta de que os caminhos de Herodes, do poder, do prestígio, da riqueza, são caminhos que levam à morte. 

Epifania é o caminho da vida, da acolhida e do encontro.

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