Pastoral com pessoas homossexuais: Escutar... Acompanhar, Discernir, Integrar... (cf. P. Pino Piva SJ)


Não sou especialista na pastoral com pessoas LGBT (lésbicas, gays, bisex e trans), mas os poucos contatos que tive com o coletivo Diversidade Cristã, Brasília/DF, e Diversidade Católica/Campinas/SP, pude admirar a qualidade humana e religiosa destas pessoas. 
Este caminho não é fácil, pois como dizia uma dessas pessoas: Na Igreja me colocavam de escanteio por ser gay, e os gays me deixavam de lado por sercatólico...
Não há dúvida, estas pessoas fizeram um longo caminho e conquistaram espaços na sociedade, na igreja e nas próprias famílias. Mas ainda falta muito, pois o preconceito é imenso. 
Prioridade pastoral? Fiquemos por enquanto na “atenção pastoral”. São eles e elas, homossexuais cristãos, que devem propor prioridades e atitudes a serem implementadas. Foi assim que fizeram na Itália, contando com a presença de mais de 50 dioceses.
No 1º dia os participantes, em pequenos grupos, discutiram como deve ser uma pastoral com pessoas homo-afetivas. E como assumir esta pastoral em âmbito nacional e diocesano. Eis algumas das respostas:
– Necessidade urgente de um aprofundamento antropológico, bíblico e teológico sobre esta realidade. Os posicionamentos rígidos, ideológicos e excludentes não são corretos. Afirmações doutrinarias descontextualizadas e sumarias, além de ser ofensivas são também estranhas à antropologia cristã, alimentam o ódio, e são contrárias à verdade.
- Deve-se discutir objetivamente o fenômeno da homossexualidade, e as propostas pastorais subsequentes. É importante narrar a própria experiência, mas logo depois se deve chegar à fase da reflexão sobre a experiência, para que seja embebida do Mistério da Salvação.
Como acontece com outras pastorais de fronteira (divorciados, novas uniões...) integrar a pastoral com a teologia. Precisamos de novos paradigmas para estigmatizar a homossexualidade como “problema”. Deus é amor, e nos revelou esse seu mistério em Cristo. O afeto que une duas pessoas homo é uma “forma de amor”.
– Precisamos de uma pastoral inclusiva e que tenha como sujeito a Comunidade Cristã. A pastoral inclusiva que rejeita todo tipo de guetos. Pode haver percursos particulares inicialmente necessários, sempre tendo em vista a plena integração. A Comunidade Cristã é o lugar normal onde cada um concretiza, do melhor modo possível, sua vocação. Ninguém é obrigado a migrar para viver ou esconder sua condição humana. 
- Um grupo (padre, casal, psicólogo...) poderia fazer parte desta pastoral a serviço de pessoas com orientação homo-afetiva e suas famílias para promover a acolhida, o diálogo e a integração. 
– Formação, Integração e acompanhamento. Formação da comunidade cristã inclusiva com atitudes fundamentais de respeito e inclusão, para não cair nos abusos psicológicos ou espirituais. 
Ajudar às famílias que tem filhos homo-afetivos e que não sabem o quê fazer com a descoberta de ter um filho ou filha diferente. Passar do sofrimento, para a graça e do dom de Deus. Pode ajudar formar grupos de famílias que vivem experiências semelhantes. Superar a falsa alternativa do “ou filhos ou igreja” para passar ao “e”: filhos “e” igreja. Tal vez sejamos capazes de acolher às pessoas gay, mas provavelmente ainda nos falta muito para acolhê-los fraternal e elegremente com seus parceiros ou parceiras. 


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