3º DTA: cristificar os sentidos... (Pe. A. Palaoro SJ)

 “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo...” (Mt 11,4)

Mateus nos apresenta a chamada “prova messiânica”. Jesus não responde com argumentos teológicos, nem com citações bíblicas, mas remete os discípulos de João aos puros fatos, que podem ser “vistos e ouvidos”: “os cegos veem, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”.
Estas “obras” são a prova de identidade do Messias, e dos seus seguidores. Só quando formos “boa notícia para os pobres” é que estaremos sendo seguidores daquele Messias. 
A chegada do Reino terá ressonâncias vitais para todos; quem acolhe o Reino sai da sua dinâmica da morte e entra na vida. 
Entre os sinais da presença do Messias não há referência a um só sinal “religioso”: nem culto, nem orações, nem sacrifícios, nem doutrinas... Para Jesus, o ser humano é sempre prioridade.

Jesus corrige o discurso apocalíptico de João, pois Ele não veio para impor medo e anunciar ameaças aos pecadores. Ele veio para aliviar o “sofrimento humano”, e incluir quem estava excluído.

O decisivo e determinante na Igreja e na vida cristã não é a doutrina, nem as práticas religiosas, mas o compromisso contra todo tipo de sofrimento e desumanização. Seguir Jesus é contagiar vida plena e felicidade aos outros

Advento, pois, revela que a mística cristã é de olhos e ouvidos compassivamente abertos. É preciso sair dos sentidos estreitos, autorreferentes e centrados em nós mesmos, para os sentidos contemplativos e oblativos, capazes de nos impactar pela realidade vibrando e nos alegrando com as surpresas que daí brotam.

O tempo do Advento transforma nosso coração e nossos sentidos, nos leva a um mundo novo e revela o melhor em cada um de nós. Nosso verdadeiro rosto deixa transparecer o coração quando este é carregado de compaixão.

O olhar de Jesus é reflexo do olhar do Pai. No tempo do Advento somos convidados a “cristificar nossos sentidos”, para segui-Lo em no nosso mundo discernindo sua presença maravilhosa que transparece nas imagens gratuitas da alma.

Nossa civilização está na era dos “sentidos escravos” e das imagens autorreferenciais do corpo. Só os sentidos contemplativosdeixam de ser possessivos e devoradores, para se tornarem oblativos e abertos.

A conversão começa pela contemplação do sentidos.


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