O objetivo é fazer que a Amazônia tire fora o melhor de si mesma. Educar sem desenraizar, crescer sem enfraquecer a identidade, promover sem invadir.
Na Amazônia, vivem muitos povos e nacionalidades, (110 povos indígenas em isolamento voluntário). A sua situação é fragilíssima, e são os últimos depositários dum tesouro destinado a desaparecer.
Antes da colonização, os centros habitados concentravam-se nas margens dos rios e lagos, mas o avanço da colonização expulsou os antigos habitantes para o interior da floresta ou para as periferias ou calçadas das cidades, numa situação de miséria extrema. Perdem os pontos de referência e as raízes culturais que lhes conferiam identidade; interrompe-se brutalmente a transmissão cultural.
Na Amazónia, encontram-se milhares de comunidades de indígenas, afrodescendentes, ribeirinhos e habitantes das cidades que, por sua vez, são muito diferentes entre si e abrigam uma grande diversidade humana.
«A visão consumista do ser humano, incentivada pelos mecanismos da economia globalizada atual, tende a homogeneizar as culturas e a debilitar a imensa variedade cultural, que é um tesouro da humanidade». Isto afeta muito os jovens. Para evitar esta dinâmica de empobrecimento humano, é preciso amar as raízes e cuidar delas, porque são «um ponto de enraizamento que nos permite crescer e responder aos novos desafios».
É importante «deixar que os idosos contem longas histórias» e que os jovens se detenham a beber desta fonte, pois são depositários de preciosas memórias pessoais, familiares e coletivas. As várias expressões artísticas, particularmente a poesia, deixaram-se inspirar pela água, a floresta e a vida.
As culturas da Amazónia profunda, como aliás toda a realidade cultural, têm as suas limitações; as culturas urbanas do Ocidente também as têm. Consumismo, individualismo, discriminação, desigualdade constituem aspetos frágeis das culturas aparentemente mais evoluídas. Deste modo a diferença, que pode ser uma bandeira ou uma fronteira, transforma-se numa ponte. A identidade e o diálogo não são inimigos. A própria identidade cultural aprofunda-se e enriquece-se no diálogo com os que são diferentes, e o modo autêntico de a conservar não é um isolamento que empobrece. Uma cultura tornar-se estéril, quando «se fecha em si própria e procura perpetuar formas antiquadas de vida, recusando qualquer mudança e confronto com a verdade do homem». Isto poderia parecer pouco realista, já que não é fácil proteger-se da invasão cultural. Cuidar dos valores culturais dos grupos indígenas é interesse de todos, porque a sua riqueza é também a nossa.
A diversidade não significa ameaça, mas sim diálogo a partir de visões culturais diferentes, de celebração, de inter-relacionamento e de reavivamento da esperança.
A economia globalizada danifica a riqueza humana, social e cultural. A família é a instituição social que mais contribuiu para manter vivas as nossas culturas.
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Se os Jesuítas do século XXI de toda a hierarquia da Igreja lerem as cartas dos seus antecessores na Cia pré supressão.
ResponderExcluirSe querem tanto manter as "raízes" e cultura dos outros, voltem a raiz da Companhia de Jesus que fez tantos mártires, santos, decisivas personalidades em defesa da fé e da Igreja, não precisam reinventar a roda, mas os Jesuítas desse período nas Américas são "esquecidos" não a toa, em muitos pontos o que defendiam e fizeram é combatido por tantos jesuitas atuais, principalmente os palpiteiros quanto a Amazônia.
Tenho lido e cuidado para entender a Exortação Apostólica.
ResponderExcluirEmbora muito discutida antes, durante e agora a sua publicação (consecutivamente ao término do sínodo) vejo que verdadeiros são os sonhos do Papa. Como Jesuíta sonha com uma Igreja de tenda mais alargada social, cultural, ambiental e eclesialmente. Mas nem sempre é fácil ampliar a tenda, quando àqueles que habitam a 'tenda' não sonham na mesma direção, ou simplesmente cruzam os braços para não trabalharem nesta necessária expansão.
Igreja não é "tenda", sua analogia é péssima ou ou você não entende o que é Igreja.
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