Sempre me senti atraído por esta mulher inteligente e judia. O percurso de Edith Stein pela vida é uma lição de humanidade e de fé para todos.
Ao explodir a 1ª Guerra Mundial, Edith decide interromper os estudos para partir como enfermeira voluntária da Cruz Vermelha, e trabalhar no hospital militar: `Agora minha vida já não me pertence´, disse a si mesma. Edith contava com 23 anos.
Vivemos tempos assustadores de pandemia mundial. Para onde fugir? Onde se esconder? Edith decidiu entrar no olho do furacão da 1ª guerra mundial, e foi de voluntária num hospital de campanha. Ela vivenciou esse trabalho com intensidade e solidariedade, mas só conseguiu ficar seis meses nesse trabalho estressante e desafiador. Penso nos nossos profissionais da área da saúde, como o jovem Dr. Pedro, que trabalha incansavelmente na UTI dos dois hospitais de Indaiatuba/SP. Contaminado, voltou com mais afinco ao seu campo de batalha...
Após sua estadia perto dos mortos e feridos, Edith Stein foi convidada a entrar no campo acadêmico, e logo foi convidada para ser assistente e braço direito do famoso filósofo Husserl.
Mulher forte, teve que abrir o caminho no âmbito universitário, pois esse espaço estava impedido às mulheres. Será que nosso interesse é tão mesquinho que vivemos apenas centrados no próprio umbigo? Conheço uma paróquia pobre que, superando seus limites, busca dar uma cesta básica a mais de 200 pessoas nestes tempos de COVID-19...
Como humanos, não somos apenas números, mas pessoas com uma história e umas crenças. A pandemia que vivemos revela espontaneamente os valores que temos. Alguns dos nossos políticos revelam sem pudor sua descrença e mediocridade; Edith Stein se tornou cada vez mais humana e religiosa. Nessa sua busca interior, acaba encontrando-se com Deus, e pedirá para ser batizada na Igreja católica. A partir desse momento, Edith decide caminhar pelas próprias pernas, sem a ajuda financeira da família. Conhece, então, o Pe. jesuíta Erich Przywara, que a exorta a não abandonar seu trabalho na área da filosofia.
Edith procura equilibrar o seu crescimento interior com a pertença a uma comunidade católica. Amiga de livros, sentia-se “próxima” dos autores, aprendendo a pensar com eles. Tenta uma cátedra em Friburgo, Alemanha, onde ensinam grandes intelectuais: Husserl e Heidegger... Quanto mais desenvolvemos nossas capacidades mais descobrimos o nosso interior, e nos descobrimos “como pessoas” e não como simples objetos de prazer ou coisas sem valor.
Por fim, na sua busca infatigável, Edith Stein entra no Carmelo de Colônia, aos 42 anos de idade, e em 1934 recebe o hábito como Teresa Benedita da Cruz. Também nós podemos fazer esta experiência e aprofundamento interior ficando em nossas casas...
Nos quase 10 anos que vive como carmelita, Edith produziu sua maior obra filosófica: Ser finito e eterno, além de outras tantas obras de cunho filosófico e teológico, culminando com a sua inacabada Ciência da Cruz. Em 1939, foi enviada ao Carmelo de Echt, na Holanda, por causa da perseguição aos judeus.
Edith e sua irmã Rosa, também carmelita, foram capturadas pela SS, e enviadas a um campo de concentração, pelo fato de serem de ascendência judia. Pouco depois, as duas irmãs de sangue e de congregação foram deportadas para o campo de Aucshwitz-Birkenau. E dois dias depois, seguiram a barbárie dos outros judeus morrendo nas câmaras de gás.
Nesta disseminação do coronavírus, percebemos que estamos mundialmente interconectados. Não há fronteiras nem raças que impeçam o vírus, e pouco podemos fazer a não ser ressignificar nossas vidas, dando um sentido melhor ao que nos toca viver. “Bênção” ou “maldição”? Cada um escolhe como viver. O tempo é a forma que Deus inventou para dizer que nessa vida tudo passa.
Edit Stein foi canonizada em 1998, pelo Papa João Paulo II.
Edit Stein foi canonizada em 1998, pelo Papa João Paulo II.
O que dá sentido à vida é mais importante do que a própria vida!
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