30º DTC: NO AMOR, NADA É OBRIGAÇÃO, TUDO É DOM... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)

Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e ao próximo como a ti mesmo... (Mt 22, 37-39)


O fariseu absolutiza coisas secundárias. Muitas vezes focamos mais nos ritos, nas doutrinas, nas normas morais e isso acaba atrofiando o principal no seguimento de Jesus: O Amor.

 

A cena relatada pelo evangelho deste domingo tem, como pano de fundo, uma atmosfera religiosa na qual os mestres e letrados classificam centenas de normas da Lei divina em “fáceis e difíceis”, “graves e leves”, “pequenas e grandes”. Impossível mover-se nesta “teia” de leis.

 

Diante da pergunta dos fariseus pelo maior mandamento da Lei, Jesus rompe com o que eles tinham aprendido. Qual é o mandamento principal? A resposta de Jesus é clara: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Não impõe a obrigação de amar a um “deus” ciumento de sua honra, que se assemelharia a um soberano narcisista e vaidoso. Tal caricatura de “deus”, é claramente blasfema. É um dos “deuses” que precisamos “deletar”.

 

Deus é Amor (1Jo 4,8). Daqui se derivam toda uma torrente de consequências. Crer é uma questão de amor, procedemos do Amor. Aquele “em quem vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28) é Amor. A fé é experiência de ser amado. O essencial da vida é o amor. Viver a prática compassiva do “vá e faça o mesmo”. A vida e a mensagem de Jesus é a prática do amor. 

 

O amor (ágape) que Deus tem pelo ser humano é totalmente desinteressado, gratuito e livre. Não é o ser humano que é amável; é Deus que é amor. Esse amor é absolutamente primeiro, criativo e livre, e não é determinado pelo valor de quem Ele ama. Esse amor, ativo e primeiro, suscita na pessoa a gratidão, levando-a a corresponder com um amor-serviço. A paixão por Deus implica compaixão pelo ser humano.

 

Não são dois mandamentos, mas um só. O amor é raiz e fruto do coração. S. Irineu convida a nos deixar fazer, a permitir que o amor brote do mais profundo de nós mesmos. O amor sempre se faz serviço, assim como todo serviço é inspirado e sustentado pelo amor. Trata-se da mística do “serviço por puro amor”.

 

Segundo Mateus, os que se salvam não são aqueles que creram, mas aqueles que amaram (Mt 25). No entardecer da vida seremos examinados sobre o amor”, dizia S. João da Cruz.

 

Criados à imagem e semelhança do Deus Amor, trazemos este mesmo amor gravado nas profundezas do nosso ser. O selo mais profundo na pessoa é o “selo do amor”.  O amor evoca energia, atitude, sentimentos positivos, proximidade, solidariedade, compaixão, empatia, amizade, erotismo... O amor tem muitos registros e, também. muitas linguagens que vão configurando atitudes: louvor, respeito, ação de graças, união, serviço... O amor não é algo abstrato!

 

O amor é um dom e uma missão. Como dom é fruto da árvore como missão é aprendizagem e crescimento. O amor não é uma lei imposta, mas uma resposta pessoal Àquele que é em nós. 

 

Deixar Deus amar em nós!



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