8. A GLÓRIA DO RESSUSCITADO...

 

  

O universal não deve ser o domínio homogéneo, uniforme e padronizado duma única forma cultural imperante, pois se perderiam as cores do poliedro e ficaria uma coisa enfadonha. É preciso alargar sempre o olhar para reconhecer um bem maior que trará benefícios a todos nós. Mas temos que o fazer sem se evadir nem se desenraizar. É necessário mergulhar as raízes em terra fértil e na história do próprio lugar, que é um dom de Deus. Trabalha-se no pequeno, no que está próximo, mas com uma perspectiva mais ampla. Não é a esfera global que aniquila, nem a parte isolada que esteriliza. Não é possível ser saudavelmente local sem uma sincera e cordial abertura ao universal, sem se deixar interpelar pelo que acontece noutras partes, sem se deixar enriquecer por outras culturas, nem se solidarizar com os dramas dos outros povos. 

 

Toda cultura saudável é, por natureza, aberta e acolhedora. Uma sã abertura nunca ameaça a identidade. O mundo cresce e enche-se de nova beleza, graças a sucessivas sínteses que se produzem entre culturas abertas, fora de qualquer imposição cultural. 

 

Para estimular uma sadia relação entre o amor à pátria e uma cordial inserção na humanidade inteira, convém lembrar que a sociedade mundial não é o resultado da soma dos vários países, mas sim a própria comunhão que existe entre eles. É neste entrelaçamento da comunhão universal que se integra cada grupo humano, e aí encontra a sua beleza. Nenhum povo, nenhuma cultura, nenhum indivíduo pode obter tudo de si mesmo. Os outros são, constitutivamente, necessários para a construção duma vida plena. A consciência do limite ou da exiguidade, longe de ser uma ameaça, torna-se a chave segundo a qual é possível sonhar e elaborar um projeto comum. Com efeito, «o homem é o ser fronteiriço que não tem qualquer fronteira».

 

As particularidades não se diluem na universalidade. Uma adequada e autêntica abertura ao mundo pressupõe a capacidade de se abrir ao vizinho, numa família de nações. 

 

Nalguns bairros populares, vive-se ainda aquele espírito de «vizinhança» segundo o qual cada um sente espontaneamente o dever de acompanhar e ajudar o vizinho, e onde conservam tais valores comunitários, as relações de proximidade são marcadas pela gratuidade, solidariedade e reciprocidade. Mas as visões individualistas traduzem-se nas relações entre países. O risco de viver acautelando-nos uns dos outros, vendo os outros como concorrentes ou inimigos perigosos, é transferido para o relacionamento com os povos da região. 

 

Existem países poderosos e empresas grandes que lucram com este isolamento e preferem negociar com cada país separadamente. Entretanto, para os países pequenos ou pobres, abre-se a possibilidade de alcançar acordos regionais com os seus vizinhos, que lhes permitam negociar em bloco evitando tornar-se segmentos marginais e dependentes das grandes potências. Hoje nenhum Estado nacional isolado é capaz de garantir o bem comum da própria população


Passar do individual ao social, e do coletivo ao particular é uma sabedoria humana e espiritual de poucos. 

 

PARA ORAR: 

1º Mc 16, 1-11  (Mulheres no sepulcro... Jesus não está aqui. Ressuscitou!);

2º Lc 24 13-35, Jo 20, 1-10 (A corrida de João e Pedro...);

3º Lc 24, 13-35 (Emaús); 

4º Jo 20, 19-23 (Tomé ausente e incrédulo)

 

 

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