Um livro precioso na malinha de mão do Papa Francisco...

 


Oito anos atrás, ao retornar de sua viagem ao Brasil, o Papa Francisco foi perguntado sobre o que ele carregava dentro de sua misteriosa malinha de mão preta. O Papa respondeu rapidamente que era o normal: aparelho de barbear, breviário, diário, e um livro para ler...


Na sua viagem para o Iraque, a primeira coisa que levará na mala é este livro de orações litúrgicas escrito em aramaico, do século 14, da igreja de Santa Maria na cidade de Qaraqosh, antes de ser destruída e saqueada pelas milícias do Estado Islâmico. Acabam de entregá-lo em Roma, totalmente restaurado, para ser devolvido aos seus proprietários, aproveitando a viagem do Papa ao Iraque. Felizmente, livros e edifícios podem ser reconstruídos; pessoas, nem tanto.


No verão de 2014, milícias fanáticas do Estado Islâmico invadiram a cidadezinha Qaraqosh, matando cristãos, violentando mulheres e destruindo tudo o que encontravam... A maior igreja de Qaraqosh (e de todo o Iraque!) foi alvo de uma crueldade sem par, desses fanáticos: atearam fogo ao templo, saquearam-no e destruíram todos os símbolos cristãos que encontraram. Este livro precioso foi recuperado em um estado lamentável. Foi salvo do fogo, embora as bordas das páginas ficassem chamuscadas, e a umidade deteriorasse os pigmentos das miniaturas e a tinta da escrita.


Onde se queimam livros logo se matam pessoas. O livro em questão foi restaurado na Itália, após dez longos meses de trabalho, página por página. Talvez seja verdade que quantas mais cicatrizes os livros mostram, mais vida eles têm.


Olhar de perto este manuscrito danificado leva a se perguntar por que tanta fúria, para destruir tudo o que é civilização. Um livro de orações foi considerado mais perigoso do que uma arma destrutiva e quiseram eliminá-lo.


A guerra, o ódio e o extremismo ceifaram centenas de milhares de vidas no Oriente Médio. Eles também pulverizaram um patrimônio histórico milenar de valor incalculável. Montanhas de entulho, testemunhas da irracionalidade e da brutalidade. Não podemos esquecer que a fé de Abraão brotou nestas terras, e que devemos muito a todos aqueles que pagaram um alto preço por permanecerem fiéis à fé que receberam...


O heroísmo deste é magnífico, embora continue a ser silenciado, e este livro é testemunha disso. Lembro que o aramaico era a língua que Jesus falava...


Aos, poucos, alguns cristãos estão voltando para suas cidades de origem, e oxalá vejam um novo capítulo sua história, de maior tolerância, perdão e coexistência pacífica. Quando o Papa entregar no próximo dia 7/MAR, domingo, este livro, o povo vai ver nele as marcas da sua recente paixão dolorosa. Será uma homenagem todo àqueles que mantiveram a fé, apesar dos sofrimentos vividos. 

 

Salve, cristãos martirizados do Iraque!


 

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