SILÊNCIO... (Pe. B. Gonzalez Buelta SJ

Quanto mais o exercitante se acha só e retirado, tanto mais apto se torna para se aproximar de seu Criador, e de se unir a Ele. E quanto mais assim se aproxima, tanto melhor se dispõe para receber graças e dons de sua divina e suma Bondade (EE 20) 



Em um primeiro momento
o silêncio é pura privação
carência, vácuo desconfortável. Arrancar-se de atividades e pessoas que preenchiam
o silêncio se percebe
como inútil, aborrecido,
perda de tempo.


Cheio do eco confuso
das coisas deixadas para trás
é exigência de companhia,
de atividades. 


Se se ultrapassa este momento, o silêncio se faz palavra.
Os fantasmas escondidos começam a sair à luz 

e a gritar suas exigências.
Antes trabalhavam na clandestinidade, mascarados nas atividades,
projetos e pessoas,
e passavam desapercebidos.
Mas também a vida desafiada
começa a brotar mais firme,
mais profunda, e nos surpreende 

a profundidade ignorada
que surge de nós mesmos, desde nossa abertura ao infinito. 


O silêncio se transforma em luta corpo a corpo
entre os fantasmas
com seu exército de medos 

e as exigências novas
de uma liberdade inesgotável. O silêncio é tenso, implacável, decisivo.
Na luta algo de mim morre, 

algo volta a ser clandestino,
algo novo se afirma
marcado ainda pelos traços da agonia. 


O silêncio se cristalizou
em um gesto de repouso sábio,
feito de certezas infinitas,
de vida recém nascida.

O silêncio se revelou uma presença, sereno estar em uma companhia,
que me abre o espaço
de seu amor discreto
onde se faz consistente minha harmonia. 

O silêncio se faz silêncio pleno, confiado, alegre,
se faz repouso estreado

O silêncio é palavra agradecida.


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