12ª DTC. Homiia... A mesquinhes do meio-termo.. (cf. Pe. A. Palaoro SJ)


Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus... (Lc 9,62)

 

Jesus é muito claro e radical no seu seguimento: Ninguém pode ser meu discípulo se antes não renunciar a tudo o que possui!... (Lc14, 33). É uma atitude, uma postura, uma entrega.

 

“Tudo”. O discípulo pela metade não pode ser discípulo. Jesus, ao associar seguidores à sua missão, pede sinceridade na vontade e verdade no coração. Não servem as entregas pela metade, pois entrega parcial não é entrega. O “apego” a algo ou alguém esvazia a afeição à pessoa de Jesus, tornando impossível que a relação com Ele cresça. Esta determinação é a que abre caminho à criatividade. decisão autêntica é clara, completa e definitiva.

 

O evangelista Lucas desvela esse jogo do “meio-termo” no relato deste domingo. Duas pessoas manifestam o desejo de seguir Jesus e uma terceira é chamada pelo próprio Jesus. Mas, há algo em comum entre elas: as três apresentam “condições” para fazer o caminho do seguimento.

 

É medo de avançar, de arriscar, de ousar... O auto-engano de um “SIM” pela metade desemboca na mediocridade... E a mediocridade não tem lugar no caminho do seguimento de Jesus. “Conheço tua conduta: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Assim, porque és

és morno, nem frio nem quente, estou para te vomitar de minha boca” (Apc.3,l5)

 

O medo de perder “algo” ou “alguém” atrapalha viver intensamente o presente. O desejo de possuir confunde nossa vida. O apego às coisas e às pessoas impede-nos de mover com facilidade. Perdemos o “fluxo” da vida, e a suavidade do “deslizar pela existência.

 

Com sua linguagem radical, Jesus nos permite chamar as coisas pelo que são e declará-las mortas. Ele convida a nos afastar das coisas que não mais nos dizem respeito e que exigem um alto investimento afetivo. Muitas “aderências afetivas” não estão ligadas à nossa vida verdadeira, impedindo-nos de nos concentrar na causa do Reino de Deus e no seu anúncio.

 

Sabemos que uma das características mais originais do ser humano é a capacidade de assumir compromissos. Em Jesus Cristo, encontramos a realização da empresa mais nobre e a garantia de poder entregar-se a ela sem se enganar.

 

ato de decidir é o mais nobre e profundo de todos os atos do ser humano. Custa decidir porque nos custa definir. Muitos pertencem à “confraria do último dia”.

 

Chegamos à pós-modernidade com enorme carga de medo; medo de comprometer-se, de definir-se, de equivocar-se, de fazer opções, medo da própria missão... O medo corrói as fibras humanas, asfixia talentos, esvazia a vida e mata a criatividade.

 

Quem teme não pode decidir bem. Sob a influência do medo, o olhar, o pulso, o equilíbrio deixam de ser o que deveriam ser e de agir como deveria agir. 

 

Seguir Jesus Cristo é deixar-se configurar, movimento pelo qual a pessoa vai sendo modelada à imagem de Jesus.


Diante do Cristo que chama, a pessoa sente-se pro-vocada, chamada a superar-se, desafiada a arriscar e a ser “mais”. É preciso sonhar alto, “escutar” o apelo de Cristo; é preciso ser apaixonado, deixar-se empolgar, aceitar correr riscos na vida para saber o que significa o “comigo” de Cristo; é indispensável uma enorme generosidade para se dedicar incondicionalmente a uma grande causa; é preciso forte dose de ousadia e coragem para transcender-se, ir além de si mesmo...


 

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