A liturgia deste domingo nos apresenta que a nossa fé não é uma ideia ou uma lista de preceitos e dogmas; mas sim um encontro salvífico com a Pessoa de Jesus Cristo vivo. Ele, mais do que uma ideia abstrata, mais que uma figura histórica do passado: é o Deus vivo, amigo presente e atual vivendo no meio de nós. E neste 19º Domingo do tempo Comum somos convidados a vivenciar a Presença de Deus-conosco na nossa caminhada para uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão.
A primeira leitura nos apresenta o profeta Elias. No monte Horeb, a montanha de Deus, o profeta Elias entra numa gruta, onde passou a noite. E eis que a palavra do Senhor lhe foi dirigida nestes termos: “Sai e permanece no alto da montanha, diante do SENHOR: porque o Senhor vai passar”. Antes, porém, veio um vento forte e impetuoso, mas o Senhor não estava no vento. Após o vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Passado o terremoto chegou o fogo; o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo um sussurrar de uma leve brisa, como um silêncio tênue. Porém se estes anunciavam uma ação negativa e da parte de Deus, o sussurrar de um sopro tênue deve ser visto como a ação positiva, criadora e salvífica do Senhor. Elias cobriu o rosto com o manto, saiu e colocou-se na entrada da gruta. O Senhor permanece conosco como uma brisa fresca que nos conforta, nos anima e nos coloca de pé para continuar a caminhada.
Na segunda leitura Paulo encontra-se provavelmente em Corinto, em casa de Gaio, que hospeda a mim e a toda a Igreja! Ele está prestes a partir para Jerusalém, levando o produto da coleta que organizara na Macedônia e na Acaia em proveito dos santos de Jerusalém que se encontravam em pobreza.
Paulo não se apoia somente em sua lealdade pessoal, ele invoca Cristo e o Espírito Santo como duas testemunhas irrecusáveis. No Espírito Santo, Paulo considera aqui a sua consciência, não em si mesma, mas enquanto o Espírito Santo testemunha pessoalmente por meio dela.
O Evangelho (Mt 14,22-33) nos apresenta Jesus que caminha sobre as águas. Depois da multiplicação dos pães, Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele se despedia das multidões. Essa passagem nos faz refletir sobre a nossa caminhada de fé. Jesus sobe ao monte para orar sozinho. No lago, a barca é a vida de cada um de nós, mas é também a vida da Igreja. O vento contrário, nossas dificuldades e provações, a barca está no meio do mar. A barca já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Por volta do fim da noite, Jesus vai ao encontro dos discípulos andando sobre o mar. A atenção de Jesus volta-se agora para Pedro, protótipo do discípulo em sua dúvida e sua Fé. Confiança, sou eu. Não tenhais medo! A Palavra segura de Jesus, que era como uma corda estendida para segurar-se e enfrentar as águas hostis e turbulentas. Isso, também pode acontecer com cada um de nós. Jesus diz para Pedro: “homem fraco na fé, por que duvidaste?” O episódio de Pedro sendo salvo do mar nos revela que Jesus é o Filho de Deus, enquanto arranca do abismo aqueles que estão na barca. Os que estão na barca, provavelmente representam a Igreja.
O Evangelho de hoje, também nos mostra a nossa fé no Senhor e na sua palavra. A fé nos oferece a certeza de sua Presença. É Jesus quem nos impele a superar os nossos temporais existenciais, com a certeza, de que é a sua mão nos segura. Os milagres de Jesus são sementes e, sinais de esperança no coração da realidade atual. Profunda apresentação da fé cristã em Jesus Cristo. Apesar de tudo, o ser humano e o mundo têm futuro. A nossa fé não deve ser um subterfúgio para os problemas do cotidiano, mas, nos sustenta na caminhada, dando um novo sentido para a vida. Assim que subiram na barca, o vento acalmou. Os que estavam na barca prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus”. Confisão da comunidade em Jesus!
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