Leve-me ao seu líder!


Eleições 2012: Prefeito, Vice-prefeito e vereadores...
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Nesta semana eleitoral reproduzo o excelente artigo do meu amigo jornalista e professor, Eduardo Machado/BH. Eu fui naturalizado em 1989 e, desde então, sempre votei!

Zapeando a TV, tropeço na reprise do filme “Contato”, de 1997, dirigido por Robert Zemeckis baseado num romance de mesmo título, escrito pelo cientista americano Carl Sagan (1934-1996). Sei os diálogos quase de cor, pois trabalhei esse filme com meus alunos quando falávamos de possíveis conflitos entre Fé e Ciência.

A trama começa com a chegada à Terra de uma mensagem vinda de uma civilização extraterrestre. Alienígenas captaram a primeira transmissão feita ao vivo pela TV, um discurso de Adolf Hitler, em 1936, na abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim, e respondem por meio de uma mensagem cifrada que é decodificada por uma cientista interpretada por Jodie Foster. Leia o livro, veja o filme. Vale a prenda.

A criatividade da ficção me faz refletir: já pensaram; nosso primeiro embaixador cósmico ser o líder nazista? O que vão pensar de nós os homenzinhos verdes?

Viajo na ficção... se existe vida inteligente em outros cantos do universo, a ficção de Carl Sagan tem grandes chances de tornar-se realidade. Afinal, os sinais de TV emitidos naquele distante 1936 e todos os que vieram depois, continuam a se propagar pelo cosmos, à velocidade da luz, levando as palavras de Hitler e seus sucedâneos aos confins do espaço sideral.

A ideia, de repente, vira um susto. Vendo as transmissões de TV de hoje acho que corremos grave risco de extinção.

Imaginem se um ET entra na nossa sintonia justamente na hora do Programa do Datena? Que conceito fariam de nós os ETs?

Que nota dariam ao QI dos terráqueos se, de repente, entrasse no ar (ou no cosmos) o Horário Eleitoral? E se o ET em questão for um graduado pesquisador e cientista extraterrestre encarregado de identificar e catalogar vida inteligente em outros planetas? Como nos classificaria, baseado na fauna que habita o circo eletrônico armado na TV aberta e também nos canais pagos?

Imagine uma nave aterrissando na Praça Sete, entre as mocinhas que ficam ali, nos sinais, o dia inteiro, agitando bandeiras partidárias, colando adesivos nos carros, distribuindo panfletos que emporcalham a cidade, e o ET pedindo a uma delas: “leve-me ao seu líder!”.

Horário Eleitoral, que não tem nada de gratuito, nós pagamos, é a coisa mais parecida com essas exposições mambembes que ainda podem ser vistas em ônibus que viajam pelo interior, exibindo bezerros de duas cabeças e outras aberrações, em circos de mulheres barbadas e parques de diversão onde reina Konga, a mulher gorila. Mas, comparados com o que vemos na telinha, esses personagens, hoje, são quase ingênuos.

Mais sofisticadas e bem mais perto de nós estão as aberrações eletrônicas exibidas no Programa do Datena, do Maracanã, do Faustão, do Sílvio Santos, no Pânico, no Fantástico e em outros, menos cotados.

E a dose é cavalar. O pior da espécie humana é servido no café da manhã, no almoço e no jantar. E, se esse tipo de programação tem tanta audiência, é coerente que sejam esses, que vemos, os candidatos que querem nos representar. E não me refiro apenas às figuras grotescas que aparecem na tela, verdadeiras videocassetadas eleitorais. Há coisa pior que os(as) tiriricas que proliferam a cada eleição.

Acho mais aberrante e espantosa a quadrilha de candidatos que, mais que currículo, tem folha corrida, prontuário, denúncia e condenação.

Ficha limpa? Ora, lavou, tá nova! E como há lavanderias nesse país!

Dos 41 vereadores da atual legislatura, em BH, 39 concorrem à reeleição. Entre eles há quem responde processo por peculato, lavagem de dinheiro, abuso de poder econômico, compra de votos, corrupção passiva, isso pra ficar apenas na esfera dos crimes políticos.

Há até o caso de um ex-vereador aqui de BH, cassado em 2010, barrado pelo Ficha-Limpa quando tentou se candidatar a deputado, e que está, agora, com a campanha nas ruas e telas, garboso e pimpão.

Outra triste constatação: se há tanto ficha-suja na política, é porque há também muito voto sujo nas urnas eleitorais. Nas asas da ignorância, alimentada há décadas pelo nosso falido sistema educacional, há quem vote em troca de material de construção, camisa de time de futebol, dentadura, promessa de emprego e outras miragens, todas bem embaladas pela competente publicidade dos marqueteiros contratados a peso de ouro (o nosso ouro), capaz de vender corda em casa de enforcado.

Diante desse quadro, me pergunto: há uma saída? Estamos condenados ao zoológico de muares e raposas eleitorais que desfilam, via TRE, na tela da minha TV, nas ondas do meu rádio?

Certa vez um aluno me perguntou: professor, por que o senhor não se candidata?

Sabe que já pensei nisso... Afinal, porque o cenário político tem que ser habitado apenas por essa fauna agourenta e desqualificada. Por que não ocupar o lugar de uma dessas maçãs podres que empesteiam todo o cesto?

Qual moderno Diógenes, com meu título de eleitor à guisa de lanterna, cansei-me de ir às ruas, ou ficar em frente à TV em busca de homens e mulheres honestos a quem eleger. Porque não posso, eu mesmo, ser um deles?

Acontece, meus queridos e pacientes leitores, que além de já ter uma coronária meio baleada, repensei, faz tempo, o conceito de banda podre. Ou da maçã podre. Tal ideia nos leva a supor que, se há uma banda podre, há, é claro, uma banda sadia. E se há uma maçã podre no cesto há que substituí-la por uma sadia, preservando, assim, a safra inteira.

Não é tão simples. O problema, caros amigos, é o cesto. Ele é que está podre. Tudo o que se colocar nele, a maçã mais lustrosa e saudável, vai apodrecer. Nossa forma de organizar e gerir a Política, em todos os níveis e poderes, gerou um Estado em adiantado estado de decomposição. Podridão e carniça atraem urubus.

Eça de Queiróz dizia que "os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão."

Olho as opções que desfilam no Horário Eleitoral e me pergunto: o que fazer? Aguardo sugestões...
                                                                                      
                                                                 Eduardo Machado (04/09/2012)
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5 comentários:

  1. Muitas vezes penso em desistir... mas ainda estou tentando!

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  2. Importante, pensar bem antes de votar no candidato escolhido!

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  3. Ola amigo Ramon,

    Estou aqui em Lisboa, aguardando conexao para Roma. Viagem mezzo trabalho,mezzo passeio. Em funcao disso, nao vou votar no primeiro turno. Mas, daqui, acompanho com preocupado interesse o resultado das urnas, em especial na minha BH.

    Um grande abraco,

    Eduardo

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  4. Por aqui, muitos dizem que vão votar no que já é, pois vai ganhar mesmo... É assim que vota a maioria. O que fazer e esperar de um país que tem um povo sem consciência política?...

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  5. QUERIDO P. RAMÓN,
    O POVO SOMOS NÓS, O PAÍS SOMOS NÓS,E SE NÓS CONSTATAMOS E CONTINUAMOS ASSIM, ASSIM SERÁ. MAS SE DEUS NÃO DESISTIU DE PEDRO, JUDAS OU DE CADA UM DE NÓS, QUEM SOMOS NÓS PARA DESISTIR?
    uM ABRAÇO. LUIZA DOS SANTOS CANGUSSÚ

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