16. Os dois irmãos... (Anônimo)

Eu sou frente e o avesso...
Era uma vez dois irmãos que moravam, desde crianças, numa cidade pequena e de poucos recursos. Cada um deles tinha um sonho: um queria ser ator e o outro padre. Ao chegarem ao início da juventude e  de tornar esses sonhos realidade, ambos decidiram mudar-se para a capital. Os pais, no começo, ficaram muito tristes pela separação, mas compreenderam que isso era o melhor e abençoaram a decisão dos filhos.

Tempos depois, cada um já estava em plena prática do seu plano de vida. O que desejava ser ator procurou um grupo de teatro, começou a fazer cursos cada vez mais aprofundados e, tempo depois já estava participando de peças de teatro profissional, em papéis cada vez mais importantes. 

Enquanto isso, o outro irmão procurou um grupo vocacional, ingressou no seminário e anos depois, foi ordenado sacerdote. Por causa do ritmo intenso de suas vidas, os dois irmãos quase não se encontravam.

Um dia, porém, os velhos pais resolveram ir à capital e ver de perto o desempenho dos filhos. O reencontro foi um momento de grande alegria para os quatro. Logo surgiu a ideia dos pais verem os filhos em ação... 

O padre e os pais foram, pois, ao teatro para assistirem uma peça na qual o ator vivia um papel muito importante. Ao final, o público o aplaudiu com muito entusiasmo e seu camarim estava cheio de colegas, para cumprimentá-lo. A imprensa fez comentários elogiosos ao seu trabalho, prenunciando uma brilhante carreira de ator. Os pais ficaram até emocionados, vendo como seu filho estava feliz e realizado.

No domingo seguinte, pela manhã, o ator e os pais foram na igreja, para participar da missa celebrada pelo filho padre. Os fiéis eram poucos e mal cantavam e respondiam às orações, apesar de acompanharem tudo pelo folheto. Ao final da celebração, as pessoas saíram e a maioria tinha no rosto o ar de quem tinha ficado livre de uma obrigação. O padre tentava justificar-se com os pais e o irmão dizendo:
- É, esse mundo é mesmo muito injusto. Meu irmão, sem dúvida, desempenha muito bem o seu trabalho, e por isso recebe aclamações e tantos cumprimentos; é tratado como um herói, embora ele lida com a mentira. Enquanto isso, eu que lido com a verdade, quase não sou valorizado... 

E o pai lhe respondeu:
- É, meu filho, você não deixa de ter um pouco de razão, mas há algo que eu gostaria de lhe dizer: O seu irmão, como ator, realmente lida com a mentira, mas ele a anuncia com tanta convicção que todos chegam a pensar que é verdade, é por isso ele faz tanto sucesso. Você, por sua vez, lida com a verdade, mas você a anuncia com tão pouca convicção que todos chegam a pensar que é mentira...

Não basta anunciar a verdade; é preciso que ela faça também parte da própria vida!


3 comentários:

  1. E...Ponto final!
    Bom dia com paz e alegria...

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  2. Bacana! Ilustra bem o confronto entre o pensamento ocidental, no qual o instrumento determina o sucesso de uma obra, e o pensamento oriental, que crê que é o homem que dá ao instrumento sua destreza, suas possibilidades. Tipo: Um bom cirurgião opera bem com um canivete. Um mau cirurgião opera mal com um bisturi de ouro...

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  3. Complementando o comentário de Marta...
    *Devíamos estudar na escola. Devíamos estudar para a vida.* * Na escola, deveríamos estudar para a vida. O problema é que, como já avisava Séneca, «não estudamos para a vida, mas para a escola». Afinal, há pouca interação entre a escola e a vida. Na escola, estamos sempre em avaliação. Mas é na vida que estamos continuamente em teste! * * Fonte: http://theosfera.blogs.sapo.pt/2090392.html *é sim importante, a interação lúdica, as missas, deveriam ser menos repetitivas, gosto de assistir as missas da segunda-feira, e aos sábados de manhã pela rede vida, porque, sempre tem uma forma nova de anunciar a palavra, sem fugir da liturgia diária, a "mesmice" me cansa! Perdão se ofendo, é minha forma de ser.

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