Os mensaleiros na cadeia... (Pe. J. Hortal sj)

A justiça é muito desigual...
Os "mensaleiros" foram para a cadeia e todo o mundo (incluído eu) aplaude. Mas aí me lembrei de algo que aprendi nas aulas de Direito Romano, em 1944/45, na minha velha Universidade de Salamanca. Entre os princípios formulados pelo agudo senso jurídico romano, havia um que dizia que, para elucidar um crime, a primeira questão era perguntar "cui prodest?", ou seja procurar saber quem tirou proveito da ação ilegal, porque certamente por lá se encontraria o culpável.

Ainda existia um outro princípio básico: o mandante é tanto ou mais culpável do que o executor.

Bem, de acordo com a sentença do Supremo, houve corrupção ativa e passiva, houve uma organização criminosa para realizar isso. Mas com qual fidelidade? Comprar votos no Congresso Nacional. Votos para quem ou para que? Será que José Dirceu, José Genoíno e demais integrantes da quadrilha levariam todo o lucro? Ninguém mais?

A ampliação da "base aliada", com o troca-troca de partido, era só para demonstrar o poder deles? Quais foram as leis cuja aprovação foi facilitada com esse esquema? Quais os cargos (ministros dos tribunais superiores, membros das agências reguladoras, embaixadores, etc.) foram preenchidos por pessoas que, sem o mensalão não teriam sido aprovadas? Quais foram as comissões parlamentares de inquérito que foram barradas com essa base partidária ampliada? Será verdade que, atrás de José Dirceu, ninguém viu nada e ninguém sabia de nada? E agora, nada do que foi feito será desfeito? Ninguém vai pedir responsabilidades a "todos" os que lucraram com o esquema do mensalão? 

É verdade, justiça foi feita, mas uma justição capenga, incompleta, caolha, que viu apenas a metade das coisas.

Algum dia conseguiremos ver completada essa justiça?

4 comentários:

  1. Muito obrigado por difundir a minha mensagem, mistura de reflexão e desabafo.

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  2. BELO E PROFUNDO TEXTO PARA OS BRASILEIROS QUE POSSAM LER E REFLETIR. OBRIGADO P. Hortal, sj.

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  3. As eleições estão chegando. Temos atitudes a tomar com o voto bem pensado.

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