31/JUL: Santo Inácio de Loyola (1491-1556), fundador da Companhia de Jesus...

A vida que eu percorri para seguir melhor Jesus...

Quem me conhece sabe que gosto de escrever e falar sobre santo Inácio. Ele é como um espelho, onde podemos ver como poderíamos ser melhores discípulos de Jesus.

Conhecer o contexto das pessoas é fundamental para acolhê-las com mais amor. Espaço e tempo, geografia e cultura nos configuram. Corpo e alma, emoção e sensibilidade são determinados, muitas vezes, pelo contexto que nos rodeia... Íñigo (primeiro nome de Inácio) López de Loyola não fugiu dessa regra. Ele pertenceu a uma época e a uma região geográfica determinada, situada no norte da Espanha...

Todos temos raízes misteriosas na terra em que nascemos. Dela extraímos o gosto e o desgosto do que sentimos. A história dos nossos antepassados, seus trunfos e fracassos, medos e pecados são como personagens vivos que nos habitam...

O pequeno rio Urola corre límpido, beirando a Casa-torre dos Loyola... Macieiras e castanheiros são árvores frequentes da região. Duas montanhas, uma delas majestosa, o Izarraitz, escondem este belo vale, entre as localidades de Azpeitia e Azcoitia. Aqui os Loyola foram batizados na fé católica e esconderam também seus pecados e paixões.

Na nossa vida sempre há fatos distorcidos que nos banalizam e descristianizam. O orgulho era um desses desvarios que Íñigo de Loyola carregava...

Nascer num vale significava viver num mundo limitado e ensimesmado, pois não é fácil olhar para longe e superar os morros que separam. Os habitantes dessas terras eram pessoas pensativas e de poucas palavras...

O início do século XVI foi marcado por algumas características que o fazem, de algum modo, parecido com o nosso: Fim da Idade Média, início do Renascimento... Falava-se em decadência de valores e na descoberta de novos horizontes... Nascia um novo tempo: as velhas instituições feudais entravam em crise, assim como os conceitos de nobreza, cavalheirismo, vassalagem e serviço... todos eles estavam desgastados pelo uso e abuso.

Hoje se fala da crise das instituições (sociedade, Igreja, família...) e de novas culturas. Muitos não levam a sério as normas estabelecidas nem as tradições familiares. A expressão dou-lhe a minha palavra! não serve para nada, a não ser que seja creditada por documentos devidamente carimbado no cartório... E manter o devido respeito às senhoras e senhoritas faz sorrir sorrateiramente até nossas próprias meninas. As ideias e os ideais ficaram um tanto debilitados.

As descobertas geográficas, no tempo de Inácio, ampliaram sensivelmente as fronteiras do conhecimento e das nações. A invenção da imprensa facilitou a difusão da cultura, privilégio de poucos nas Cortes e nos Mosteiros.

Hoje, o desenvolvimento técnico-científico reduziu ainda mais as distâncias do nosso planeta, descortinando até possibilidades de viagens extraterrestres. A comunicação cresceu vertiginosamente por meio do rádio, TV, Celular e Internet... É a revolução da informática.

No tempo de Inácio havia um grande desejo de reformas. Precisavam adaptar as velhas instituições medievais aos novos tempos do Renascimento e do humanismo. Era o alvorecer do mundo moderno!

Também hoje sentimos o desejo de renovação e transformação das nossas estruturas. Parece como se estivéssemos redescobrindo a importância do sujeito (psicologia!) e do seu entorno sociológico e ecológico; exaltamos os valores naturais e as particularidades dos grupos minoritários... O novo e desconhecido brota, sem lhes vislumbrar ainda as suas feições. Sentimos dificuldade de viver o antigo e não nos habituamos ainda com o novo.

O código genético recebido dos pais e as marcas deixadas pelos nossos antepassados são importantes. Na nossa biografia valorizamos mais as teo-incidências do que as coincidências. Somos seres também transcendentes!

O brasão heráldico dos Oñaz e Loyola, exposto na entrada principal da Casa-Torre, tem dois lobos (= lupus, López!) que simbolizam a ousadia e a violência dessa família. Eram lobos vorazes que entravam até no mais íntimo dos lares vizinhos. Íñigo de Loyola é dessa raça e Deus o tira dessa lama! Só Deus faz alguém santo! 

E você, como é?

7 comentários:

  1. Está tirando... Senhor Jesus dai me maior força interior e confirmações nesse período de transição!

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  2. A frase do filme de ontem - Amém - no cine-fórum me veio á cabeça: "Vamos salvar o Vaticano ou o Cristianismo?". Creio que o cristianismo e o humanismo pregados e vividos por Jesus Cristo devam ser salvos, em primeiro lugar. Contudo, o Vaticano, e o que ele representa, também precisa ser salvo. Depois de higienizado e renovado.

    Sejamos salvos de nossas lamas pessoais e coletivas - em todas as dimensões de nossa vida!

    Grande abraço, Pe Ramón!

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  3. Muito boa essa visão, Pe. Ramón. Realmente o local e o tempo dizem muito de quem somos.
    E, viva Santo Inácio!
    Lylia

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  4. Pe. J.Ramón, boa noite. Já há algum tempo, participando do compartilhando do Professor Eduardo Machado (BH), mais precisamente as postagens contemplativas, que muito aprecio,nasceu em mim, um desejo de conhecer e praticar a Espiritualidade Inaciana, e Pe. Roberto de Albuquerque (Da Companhia de Jesus), o senhor deve conhece-lo, hoje está em missão em Maputo,ele tentou encontrar na minha região de Ribeirão Preto algum grupo que exercitasse a espiritualidade Inaciana para me apresentar, mas, parece que não conseguiu.Então, permito que o Espírito Santo de Deus me inspire e age na minha vida, e mais as postagens e palavras reflexivas,orações inspiradas, que me chegam como presente, e se tornam para mim em benfazejas oportunidades de aprendizado e luz, tem me auxiliado a aparar minhas arestas, a viajar para dentro de mim mesma, e voltar um pouco mais desperta em cada estação.Quiçá consigo um dia renascer dessa lama, como a flor de Lotus nasce e rompe para a vida e o sol, brotando de um charco escuro e frio. Paz e bem.

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  5. Obrigada por mais um excelente texto! Abraços, Leandra.

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  6. Nunca teremos noção do que Deus pode fazer em nossa vida se não abrimos espaço para escutá-Lo. Ele é o grande artista, só necessita que nos coloquemos em suas mãos como o barro nas mãos do oleiro... Simples assim... Mas para que isto aconteça precisamos deixar de lado "nosso amor próprio, querer, interesse". Santo Inácio, rogai por nós! Abraço Pe. Ramon.

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  7. Olá, Pe. Ramon
    Sou pecadora perdoada porque muito amada, chamada e enviada... certeza disso pela Bondade Divina...
    Abraços fraternos de paz e bem

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