O que farei de minha vida?...
Dias atrás, numa reunião da Pastoral de Juventude conheci o Beto,
jovem de 20 anos. Depois de certo tempo, disse-me discretamente:
- Gostaria de
conversar com você. Pode ser amanhã de manhã?
- Pode!
A conversa foi rápida, quase monossilábica, como convinha naquele local,
cheio de gente jovem.
No dia seguinte e na hora marcada lá estava o Beto. E, sem
subterfúgios, disse:
- Como eu
posso saber o que Deus quer de mim?...
Acho fantástica essa pergunta. Que coragem! Essa e outras perguntas
semelhantes inquietam a não poucos jovens. Eles querem se colocar a serviço dos
outros na Igreja. Mas, como, onde,
quando?...
Primeiro: nada de precipitações. Segundo: Converse com
alguém que possa realmente lhe ajudar, antes de tomar uma decisão. Terceiro: Ore
e peça clareza a Deus.
Discernir, adquirir clareza é a palavra mágica da nossa pastoral
vocacional (PV). Como perceber e seguir
os apelos de Deus que age no meio de nós?
Na PV não é suficiente apenas o discernimento do candidato, mas também precisamos
a aprovação do responsável da Igreja ou da Congregação que cuida da retidão das motivações e aptidões
requeridas. Precisamos, pois, da intervenção de Deus na vida do candidato e
das qualidades necessárias para esse estilo de vida.
Há, pois, um duplo discernimento: o da pessoa que busca e o da
instituição que o acolhe. Só quando há sintonia entre ambas confirmamos
a decisão vocacional. O chamado interior pessoal precisa, pois, ser confirmado pela
Instituição, que também é movida pelo Espírito de Deus.
Na procura vocacional pode-se errar de duas formas:
- Querer o que não se pode, isto é, quando as atitudes concretas do candidato não correspondem ao que diz pretender;
- Não querer o que se pode concretizar. Se não há uma motivação vocacional é impossível concretizá-la!
O chamado de Deus respeita a natureza humana: Quod natura
non dat, Salmantica non praestat...; Deus não força a
natureza humana e não faz o que esta não consegue realizar. Por isso, é
preciso integrar vocação e vida, liberdade e valores humanos e cristãos. Esta checagem se realiza na vida intelectual, afetiva, social, moral e
espiritual das pessoas. As escolhas que fazemos no presente condicionam
certamente a opção final. O discernimento vocacional converge fundamentalmente sobre
um ponto essencial: os valores. Daqui, a importância fundamental das “motivações válidas”.
As motivações válidas e dominantes inspiram a escolha
desta ou daquela vocação. São os motivos pessoais para escolher tal ou qual
modo de viver; integram a pessoa e garantem a pertença a uma instituição.
Evidentemente, as motivações
conscientes, humanas e sobrenaturais, são fundamentais. Quando as motivações inconscientes inadequadas acompanham uma motivação
consciente apropriada, é mínimo o fracasso de insucesso vocacional.
Optar por uma vocação
é aceitar também suas exigências. Por isso, é preciso comprovar se o “eu
profundo” consegue vivencias os valores evangélicos propostos. Todo
candidato à vida consagrada, antes de chamar à porta de uma instituição, deve
apresentar pelo menos alguns destes sinais vocacionais: Intenção
reta e evangélica (experiência pessoal de Deus e vida sacramental) e atitudes
coerentes (zelo apostólico, responsabilidade, bom senso e
solidariedade com os necessitados...)
Se alguém é assim ou deseja viver assim, pode ser que o Senhor o chame
para a vida consagrada, como padre, irmão ou irmã. Por que não parar um pouco e
pensar mais sobre isso?
Uma pergunta: Quais as “motivações
conscientes” que você tem para ser padre,
irmão ou irmã?
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