14. Como um peregrino... (autobiografia de S. Inácio de Loyola)

Véspera de Nossa Senhora de março, do ano de 1522, de noite, foi o mais secretamente que pode a um pobre, despiu-se de todas as suas vestes, e lhas deu. Vestiu-se de sua desejada túnica e foi fincar-se de joelhos diante do altar de Nossa Senhora, e ora assim, ora de pé, com seu cajado na mão, passou toda a noite.
Ao amanhecer partiu logo, para não ser reconhecido e foi para um povoado chamado Manresa (Autob. 18).

No silêncio da noite, quando todos dormiam, Inácio velava e se despojava do homem velho, aquele que por 30 anos dominara seus impulsos em busca de poder e do prazer.  Inácio rezou e se entregou a Deus, pedindo a proteção de Maria, Mãe de Jesus. Desarmado, deixa suas armas sobre o altar, carrega agora apenas um cajado tosco de peregrino. De madrugada, após comungar na missa conventual, afasta-se da santa montanha e parte sozinho, a pé, para o pequeno vilarejo de Manresa.

Inácio trocara também suas roupas nobres pelas de um pobre. Eis agora o peregrino! 25 km de sol e poeira o separam de Manresa. No caminho, sentimentos de imensa gratidão inundam o seu coração. Cansaço? Inácio sente que Deus o ama, e isso é o mais importante.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos... (F. Pessoa).


Todos somos peregrinos e, para viver e caminhar precisamos deixar de lado algumas coisas...  

Uma pergunta: E você sabe para onde vai?

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