Mês vocacional: Por que não ser padre?...

Meu horizonte é Deus...


Agosto, mês das vocações... 1983 e 2003 foram Anos Vocacionais no Brasil. Os bispos assim o decidiram respondendo às necessidades de tantas comunidades e aos anseios, ainda não clarificados, de muitos jovens. A Campanha da Fraternidade de 2013 foi sobre a Juventude e teve como lema "Eis-me aqui, envia-me!" (Is 6,8), segunda Campanha da Fraternidade sobre esse tema, pois a primeira teve como lema “Juventude, caminho aberto”, em 1992. Também em 2013 aconteceu a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro. Inesquecível!

Todo jovem está numa idade "vocacional", de definição da sua profissão e também do estado de vida. Daí o interesse pelo tema "vocação". Mas o que é vocação? Quais as possíveis decisões e as suas conseqüências?

Um dia recebi o seguinte bilhete, que me pareceu um grito incontido de um jovem amigo: "Eu sei que devo seguir o Senhor Jesus. Mas como?... Quando?... Onde?..." Sabemos aonde queremos chegar, mas duvidamos do caminho a seguir.

Dona Marieta é uma dessas senhoras que vai à igreja por pura obrigação. Sempre identificou o padre pela batina que usava e as irmãs pelos seus hábitos... Nunca se preocupou em ultrapassar aquelas formas estereotipadas, clericais, sociais e frias que a rodeavam. Dona Marieta pensa que não existem mais padres, nem freiras, pois quando vai pela rua não vê mais aquelas figuras singulares que tanta devoção lhe inspiravam. D. Marieta é uma mulher pessimista, e, quando fala da Igreja, é só para lamentar dos tempos passados, que não voltam mais.

Roberto, pelo contrário, pertence à mesma paróquia que D. Marieta. Ele é um jovem engajado na sua comunidade. Conhece seu povo, os jovens e os velhos, as crianças, os casais e também, evidentemente, o Pe.  Marcos, a quem ele chama amigavelmente de Marcão. Pe.  Marcos há muito tempo não usa batina, mas isto não incomoda nem um pouco a Roberto: "As árvores são conhecidas pelos seus frutos", diz ele alegremente.

Na comunidade do Pe. Marcos, do Roberto e de D. Marieta, acontecem coisas maravilhosas, mas nem todo mundo as vê. Quem percebe os questionamentos vocacionais que, como ondas, vão e voltam pela cabeça de Carlos, Omar, João, Iolanda, Luzia e Paula?... Jovens, homens e mulheres que têm um rosto e uma história, que estudam, trabalham e querem, sobretudo, ser felizes fazendo felizes os demais.

São muitos os jovens que se questionam sobre vocação. São muitos, também os que não sabem o que fazer da própria vida, diante dos desafios que experimentam. Uns se precipitam nas suas decisões e depois ficam lamentando escolhas malfeitas, outros pensam e relutam teimosamente contra a ideia de ser vocacionado, mas depois acabam aceitando e cultivando alegremente esse amor escondido.
                                                
Uma coisa é clara: Deus continua chamando hoje como ontem, tocando e cutucando o coração e a cabeça de muitos jovens com a ideia de ser padre, irmão ou irmã.

Todos queremos que nossas comunidades paroquiais tenham o seu padre, para celebrar a Eucaristia, perdoar nossos pecados em nome do Senhor e caminhar evangelicamente conosco em busca do Reino de Deus. Todos queremos um padre, mas o que fazemos para que isto aconteça? Padre não cai do céu como pingo de chuva! O padre de hoje foi o jovem de ontem com pai, mãe, irmãos, vizinhos... e que um dia, depois de muito se questionar, decidiu com alegria entregar sua vida a Jesus e aos irmãos na Igreja.

Outro dia estava celebrando a Eucaristia numa pequena cidade do interior, onde não havia padre. Disseram-me: "Por favor, fique conosco! Precisamos de um padre!...Mas porque eles não têm o padre de que precisam?... Na hora da homilia, igreja lotada, refleti com o povo: “Vocês estão sem padre.  Isto não é bom. Vocês estão querendo um padre para esta comunidade. Isso é muito bom! Mas, nestes últimos dez anos, quantas jovens saíram desta comunidade para entrar no Seminário ou no Noviciado?... Foi aquele silêncio! Estou convencido de que comunidades que dão vocações sempre têm padres e freiras no meio delas. E uma comunidade eclesial que nunca deu uma vocação religiosa (padre, irmão ou irmã) indica a superficialidade evangélica por ela vivida.

Josué um dia disse: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Js 24,15) e estava convicto disso. Conheço casais que vivem o mesmo ideal de vida. E alguns acrescentam nas suas orações: "Pai do Céu, dignai-vos olhar para esta vossa casa. Agradeço os filhos que nos destes. Peço-vos um grande favor: chamai algum deles para a vida consagrada! Que algum deles seja padre!... Que alguma das nossas filhas se consagre a Vós, para que possam ser felizes fazendo felizes os outros... Obrigado, Senhor".

Uma pergunta: Quantas vocações para o sacerdócio e/ou para a vida consagrada surgiram na sua comunidade nos últimos anos?



4 comentários:

  1. Nenhuma porque a igreja só fica julgando as pessoas e elas acabam indo embora antes que surja uma vocação. Participo do movimento neocatecumenal e fico impressionado em como a pressão afasta as pessoas. Vocação é uma coisa livre.

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  2. Servir a Deus é muito bom, são os próprios homens que afastam os fiéis da igreja.

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  3. Acho lindo ser padre, até pensei em ser um. Mas o problema é que na igreja não estamos mais fazendo a vontade de Deus, e sim a de outros homens que nos manipulam. Padre é a vocação mais linda que existe. São os lobos da igreja que nos afastam.

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