Questiono-me, algumas vezes, a respeito
de certas atitudes reacionárias dentro da Igreja e que me causam profunda
decepção.
Sempre me pergunto, tentando compreender o posicionamento do grupo dos chamados
"conservadores" ou "tradicionalistas", sobre a dificuldade de não aceitarem as reformas
estabelecidas pelo Concílio Vaticano II. Tive uma formação teológica
realizada com profundo amor à Igreja, bebendo das fontes desse Concílio e
concebendo uma Igreja "semper
reformanda", constantemente adaptada às circunstâncias do seu tempo e
lugar, para anunciar a Jesus Cristo e a seu projeto do Reinado de Deus.
Certa
ocasião disse a um amigo: há padres
novos que não aceitam a reforma litúrgica do Concílio e querem celebrar a missa
tridentina (do Concílio de Trento), em
latim e de costas para o povo. Ao que ele me respondeu com veemência:
"Essas pessoas se esquecem que
aqueles que sabiam o latim foram os que fizeram o Concílio Vaticano II!"
E eu sei que, por exemplo, Dom Aloísio Lorscheider
escrevia seus discursos em latim, diretamente na máquina de escrever e foi um bispo com uma inteligência rara e
exerceu seu ministério em total consonância com as reformas conciliares. Foram
esses bispos monumentais, educados na verdadeira Tradição da Igreja, que
decidiram no Vaticano II que as
celebrações deveriam ser realizadas na língua nativa de cada povo,
adaptando-se às suas respectivas culturas.
Os que desejam uma "volta atrás"
se apegam a um modelo de padre que é o modelo do "sacerdote", restrito
ao culto e ao sacramental. Ou seja, o "sacerdote" como um homem
"consagrado para o altar". Isso porque essa posição lhes confere um
certo reconhecimento que tem sido cada vez mais questionado em nossa sociedade secularizada
e que, ao mesmo tempo, valoriza certa ritualidade mística, venha de onde vier. Nesse sentido, há esoterismos para todos os
gostos e cores!
Por
isso, a tendência atual é a de valorizar
na ordenação mais o gesto da unção das mãos, que é secundário, do que propriamente o da imposição das mãos
sobre o ordenado - seguido da oração consecratória, o qual é e sempre foi o gesto mais importante e que constitui
o novo ministro ordenado. Pois esse gesto, no caso dos presbíteros une o
candidato ao Presbitério, na comunhão com seu bispo e os demais presbíteros.
Já, no caso dos bispos, o gesto da imposição das mãos dos demais bispos os unem
ao Colégio Episcopal, que sucede ao Colégio dos Apóstolos, presidido pelo
sucessor de Pedro, o bispo de Roma, que é o Papa.
Portanto,
o ministério ordenado, quer seja do
bispo ou do presbítero, é sempre colegial e exercido na corresponsabilidade de
todo um Presbitério, numa Igreja Local ou Particular que é chamada de Diocese (ou
Arquidiocese). As opções desta Igreja devem estar em primeiríssimo plano, pois
cada qual deverá estar a serviço da constituição e da comunhão desta mesma
Igreja e não a serviço de meros caprichos e vaidades de um de seus ministros.
Contudo,
a meu ver, o que está como pano de fundo desta realidade é a não aceitação de um novo paradigma que emergiu com o Vaticano II.
Esse novo paradigma trouxe uma nova concepção da Igreja e de sua missão; e,
consequentemente, uma nova concepção dos ministérios exercidos em seu interior
e a serviço de sua missão no mundo.
esse novo paradigma se mostrou fracassado. Basta ver a crise da Igreja na europa e a ascensão do evangelismo no brasil
ResponderExcluirHeitor