O assassino do jesuíta Vicente Cañas condenado pelos nossos tribunais...

Ronaldo Osmar, acusado de agenciar a morte do jesuíta missionário Vicente Cañas , 1987, acaba de ser condenado pelo tribunal do júri a 14 anos e 3 meses de reclusão em regime inicial fechado.

Em continuidade ao julgamento iniciado ontem, 29, o júri popular acompanhou na manhã de hoje as sustentações orais que direcionam ao réu Ronaldo Osmar a responsabilidade de agenciar a morte de Vicente Canãs, e decidiu no fim da tarde pela condenação do ex delegado da Polícia Civil de Juína, localidade onde ocorreu o crime.


“Não é coincidência que um homem magro, barbudo, tenha sido martirizado pela demarcação das terras indígenas. A história se repete há mais de dois mil anos”. Vicente Canãs, missionário espanhol que se fez Enawenê-Nawê, estava nu quando foi covardemente assassinado. Vitimado por uma emboscada arquitetada pela ganância. Jesus foi atravessado pela lança de um soldado romano, e Vicente foi encontrado com uma perfuração na mesma região daquele que ele seguia.

“Estamos muito contentes. Isto abre um precedente impressionante no país para julgamentos de impunidade contra os povos indígenas. Depois de tantos anos de espera, é uma grande alegria saber queVicente, meu tio, continuará o caminho para a proteção dos povos através do julgamento”, afirma Rosa Cañas, sobrinha de Vicente.

À época,Ronaldo Osmar cumpria designação em cargo público junto a Delegacia de Polícia de Juína, localidade do crime. O Ministério Público Federal questionaram a omissão do ex delegado na investigação. “Era conhecido o conflito fundiário na região. As terras dos Enawenê Nawê eram desejadas por fazendeiros e madeireiros e viam em Vicente uma ameaça, uma força aos indígenas que pediam a demarcação. Contudo, mesmo sabendo disso, nenhum fazendeiro foi investigado”, sustentou o procurador federal.

“O réu intermediou os interesses dos fazendeiros. Agiu para eliminar o empecilho dos interesses fazendeiros. Além de arregimentar o grupo que assassinou, orientou como proceder”, continuou o procurador. “A morte de Vicente foi pega pelos interesses de exploração das terras. Se utilizavam da força da polícia para cometer crimes”.

Vicente Cañas cumpriu o chamado profético de denunciar as injustiças, a morosidade nas demarcações, e a invasão das terras indígenas. Pós em evidência os gemidos da periferia e por isso é mártir da demarcação dos Enawenê-Nawê.


30 anos já se passaram para que a justiça fosse feita!

                             Missionários, jesuítas, , sobrinhos de Vicente e assessoria jurídica após a leitura da sentença...

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