E, levantando os olhos para os seus discípulos, disse: bem-aventurados vós... (Lc 6,20)
“Ser feliz”: não há outra meta mais importante na vida de todos nós. Para os que amamos proferimos votos de felicidade, pois eles expressam o desejo melhor de todos nós.
Mas, a impressão que temos é que muitos cristãos estão longe de apresentar Deus como amigo da felicidade humana, e fonte de alegria; para muitos, o seguimento de Jesus não é nada prazeroso, poiem emcertos ambientes predomina uma doutrina masoquista e afastada da felicidade humana. O cristianismo se apresentou como a religião da dor, do sofrimento, da renúncia, e da repressão ao prazer. Diante de tal situação, Jesus, no Evangelho de hoje, afirma categoricamente:“Felizes sois vós!”
Jesus, ao “descer à planície”, promulga seu programa “com” vida, fundado não numa ética de “deveres e obrigações”, mas numa ética de “felicidade e ventura”. O significado das bem-aventurançasé algo mais humano, e mais ao alcance de ser vivido por qualquer pessoa de boa vontade.
O Evangelho, a “boa notícia”, é o tesouro que enche o ser humano de felicidade indescritível. O programa de Jesus é de felicidade.Cada afirmação começa com a palavra “makárioi”, que significa, em grego, a condição de quem está livre de preocupações e atribulações cotidianas. As bem-aventuranças substituem os mandamentos. Jesus fala da felicidade nesta vida.
Conhecemos duas listas de Bem-aventuranças: a de Lucas e a de Mateus: Uma fala dos pobres e a outra fala dos pobres “em espírito”; uma fala de fome e outra de fome de “justiça”... As Bem-aventuranças de Lucas são “de situação”, e as de Mateus “de atitude”; enquanto Lucas diz: os que se encontram nesta situação, são bem-aventurados (os que estão chorando, os que tem fome, os que são pobres...), Mateus diz: os que reagem desta maneira diante dos que choram, dos que são pobres, dos que tem fome... são bem-aventurados.
Antes de proclamá-las, Jesus viveu intensamente as bem-aventuranças; elas são seu autorretrato. Jesus é o bem-aventurado, Ele é um apaixonado pelo Reino do Pai. Mostra uma infinita confiança nas pessoas que encontra, seja qual for sua situação existencial. Seu tempo é de alegria, de festa, de bodas. As bem-aventuranças são o caminho da felicidade.
Jesus, ao proclamar “bem-aventurados” os pobres, os famintos, os que choram, os que são perseguidos... jamais quis sacralizar a dor humana. Ao contrário, são bem-aventurados os pobres, porque, vazios de apegos e cheios de esperança, anunciam o sonho de Deus para a humanidade: uma sociedade baseada na solidariedade e na partilha; são bem-aventurados os famintos, porque trazem nas entranhas a fome de liberdade e sabem que o ser humano e o mundo carregam infinitas possibilidades de crescimento; são bem-aventurados os que choram porque eles ainda não perderam a sensibilidade e sonham, buscam e lutam por um mundo novo; são bem-aventurados os perseguidos porque são sinal de grande transformação realizada por Deus.
A felicidade nasce dentro de nós: daquilo que sentimos e valorizamos.As bem-aventuranças não são algo externo, mas atitudes fundamentais que plenificam o nosso coração.
A felicidade é um “estado de espírito”. A verdadeira felicidade coincide com a paz interior e está relacionada com a gratuidade e com a gratidão.
Sejamos felizes! Bem-aventurados!
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