Amar e ser amado...

O amor nasce não sei de onde, vem não sei como, e dói não sei porquê!

Amar e ser amado parece ser o caminho da felicidade sonhada por todos; poucos o encontram e muitos se perdem no labirinto dessa procura. Amar é dar vida e significado; ser amado é sentir-se repleto de vida.

‘Eu vim para que tenham vida e vida em plenitude’, disse Jesus. Vida em plenitude é mais do que felicidade.  ‘ZOE’ em grego, significa “vida plena” no presente e infinita no futuro, e define bem o que buscamos. A vida física e material (“bios” em grego e daí os seus derivados: biodegradável, biografia, biologia, etc.) é certamente importante, mas é essencialmente limitada e incompleta. A maioria das pessoas busca a vida/bios e não a vida/zoe, daí o desencanto e infelicidade.

Nascemos para experimentar a plenitude e não apenas em parcelas e pontualmente. Faz parte da ‘vida plena’ o dinamismo da própria existência, concretizado com generosidade e criatividade. A identidade de gênero e a intimidade nos relacionamentos interpessoais também fazem parte do caminho do amor. Verdade e liberdade, amor e responsabilidade são como bilros; bem manejados constroem uma vida bonita, consistente e solidária. Uma vida superficial e insensata é resultado do mau uso das nossas capacidades. Uma vida sem amor é como água parada, logo se deteriora e apodrece. Sem amor nos sentimos insignificantes; sem verdade, ficamos perdidos.

Ao nascer, experimentamos logo o abraço aconchegante da mãe e o sorriso alegre dos parentes e amigos. Por desgraça e com o passar do tempo, os abraços terminaram e o contentamento familiar facilmente se transformou em exigências e palavras rudes e ásperas.

O caminho do amor é frágil e só brota quando estamos junto de outros. Acolher e ser acolhido, amar e ser amado pautam positivamente a existência. Pelo contrário, o isolamento frustra a possibilidade do amor. Uma vida fica ‘des-orientada’ (sem oriente!) quando os relacionamentos interpessoais se tornam mecânicos e mesquinhos. A dimensão espiritual é essencial nos humanos.

Os relacionamentos experimentados são fundamentais e podem ser positivos (carregados de vida) ou negativos (impregnados de mentira e destruição). Nos humanos há dimensões essenciais que devem ser carinhosamente cultivadas e, também avaliadas.

Algumas perguntas simples, de autoanálise, para perceber se estamos num processo de crescimento. Dê uma nota de ‘0’ a ‘10’ conforme sua experiência, sendo ‘10’ o valor positivo máximo:

Dimensão física: Fatores genéticos, biológicos, hormonais que influem positivamente no seu corpo e no bem-estar da sua energia vital (vontade de viver).
Pergunta: Quanto se sente bem com o seu corpo? ______ (dê uma nota de ‘0’ a ‘10’)

Dimensão racional: Conhecimento básico e informações adequadas sobre o corpo humano e a sexualidade.
Pergunta: Você conhece suficientemente o corpo humano e o modo dele reagir? ______ (dê uma nota de ‘0’ a ‘10’)

Dimensão emocional: Sentir-se bem com o próprio corpo e com as suas sensações sexuais e emocionais.
Pergunta: Você costuma ter sentimentos saudáveis (de valorização) em relação a si e aos outros? _____  (dê uma nota de ‘0’ a ‘10’)

Dimensão social: Viver entre e com os outros de tal maneira que possa crescer e transformar positivamente o seu entorno sócio-cultural.
Pergunta: Você costuma ser solidário com os mais necessitados? _____ (dê uma nota de ‘0’ a ‘10’)

Dimensão moral: O ser humano é, por natureza, ético, por isso o seu comportamento deve ser construtivo e responsável. Somos éticos não pelas crenças que professamos, mas por que somos humanos.
Pergunta: Você tem atitudes construtivas em relação às pessoas e à sociedade? _____ (dê uma nota de ‘0’ a ‘10’)

Dimensão espiritual: Ser aberto à transcendência, a Deus, é reconhecer que a vida não finaliza com a morte e que a mística faz parte também da experiência humana.
Pergunta: Deus é importante para você e o sente como amigo? ____ (dê uma nota de ‘0’ a ‘10’)

Se você não contabilizou mais de 30 pontos, precisa urgentemente melhorar o seu viver e crescer mais positivamente na qualidade dos seus relacionamentos. Uma energia vital fraca sinaliza sentimentos de baixa estima e facilmente se traduz em atitudes nocivas (agressivas ou de dependência) para si e para os outros. Não crescer humanamente é regredir.

Vejamos agora algumas atitudes não saudáveis nos relacionamentos interpessoais e que devem ser revertidas:

  • Incapacidade para determinar adequadamente a própria conduta sexual expressando-a em atitudes abusivas e não saudáveis (promiscuidade, pornografia, pedofilia, etc.).
  • Desprezo pelo próprio corpo ou culto exagerado, apelando a cirurgias estéticas desnecessárias.
  • Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos interpessoais positivos, usando sentimentos de frialdade ou distanciamento afetivo, etc.
  • Atitudes excessivamente críticas ou rígidas frente ao comportamento sexual e/ou afetivo limitado dos outros.
  • Incapacidade de ser fiel aos compromissos pessoais, sociais ou religiosos assumidos.
Neste caminho interminável do amor, a primeira experiência foi na família, se desenvolveu com os amigos e se concretizará na dedicação a uma causa altruísta ou no convívio com um/a parceiro/a.

O processo de amadurecimento passa sempre pela doação e florescimento de valores, até chegar amadurecido a uma fase de pura doação. Na velhice, esclerosaremos com aquilo que vivenciamos durante a vida: seremos ‘crísticos’ (cristãos, positivos!) ou ‘satânicos’ (negativos!). A gratuidade é a chave para crescer humanamente, pois o amor não se constrói explicitando o pior que nos habita. Um dia alguém me disse: fulano só partilha o pior de si e guarda o melhor para si! Isso é realmente diabólico. 

Uma pergunta: Você é realmente criativo na vida e nos seus relacionamentos interpessoais?

Um comentário:

  1. Parabéns pe. Ramon pela clareza e extensão do conteúdo discorrido sobre o amor. Amar é Graça Divina... Que seja eterno enquanto dure... Abraço. Erbson

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