Santo Inácio de Loyola (1491-1556): seu contexto...

Casa-torre dos Loyola...

Conhecer o contexto das pessoas é fundamental para entendê-las por dentro. Espaço e tempo, geografia e cultura nos configuram. O corpo que temos, nossas emoções e sensibilidade são determinados, muitas vezes, pela geografia e afetos (ou desafetos) familiares. Íñigo (primeiro nome de Inácio) López de Loyolanão fugiu dessa regra universal. 


Temos raízes profundas afincadas na terra em que nascemos e vivemos. Dela extraímos não só a vida, mas também o gosto e o desgosto que sentimos. A história do nosso povo, da própria família, os trunfos e fracassos, medos e pecados são como personagens vivos que nos habitam.

O pequeno e límpido rioUrolacorre perto da Casa-torre dos Loyola. As macieiras e os castanheiros são árvores daquela região. Duas montanhas, uma delas majestosa, o Izarraitz, escondem este lugar entre as pequenas localidades de Azpeitia e Azcoitia. Lá, os Loyola foram batizados na fé católica. 

Há fatos banais que são talvez vividos distorcidamente porque assim foram sentidos e experimentados. Um exemplo? O orgulho de casta(país, raça, família...) é uma das vertentes do modo natural de ser de Íñigo de Loyola. Esse jovem vive num vale paradisíaco. Sua Casa-torre,situada sobre um pequeno relevo, estava rodeada por um bosque frondoso. Uma árvore maior assinalava o lugar da casa.

Nascer num vale, com montanhas que cortam o horizonte, significa viver num mundo limitado e ensimesmado. Não é fácil sair e ir além dos próprios horizontes. 

O início do século XVI foi marcado por algumas características que o fazem, de algum modo, parecido com o nosso. Fim da Idade Média e começo do Renascimento. Falava-se muito em “decadência”. Os espíritos mais lúcidos tinham a impressão de presenciar ofim de uma época e o nascimento de outra.E de fato, assim era. As velhas instituições feudais entravam em crise. Os conceitos de nobreza, cavalheirismo, vassalagem e serviço a um único senhor, rei ou imperador estavam desgastados pelo uso e abuso.

Hoje fala-se em crise das instituições e da cultura. Muitos não levam mais a sério as leis constituídas ou as normas estabelecidas. A expressão “dou-lhe a minha palavra!”não serve mais para nada, pois precisamos de escritos e até carimbos do cartório para crer na palavra dada. E o manter “o devido respeito às senhoras e senhoritas” faz sorrir sorrateiramente as nossas próprias meninas. As ideias de autoridade e obrigação estão um tanto desgastados. Que o digam os políticos e empresários corruptos que nos dirigem. 

No tempo de Ínhigo de Loyola asdescobertas geográficas(Vasco da Gama, Cristóvão Colombo...), fruto de grandes investimentos econômicos, tinham ampliado as fronteiras do mundo conhecido. A invenção da imprensafacilitou a difusão da cultura, até então privilégio dos mosteiros.
            
Hoje, o desenvolvimento técnico-científicoreduziu as distâncias do nosso planeta, descortinando possibilidades espaciais e até extraterrestres. A comunicaçãoentre nós cresceu vertiginosamente... É a revolução da informática.
                        
Hoje, no início de um novo milênio, sentimos desejos de renovação etransformação de estruturas. Parece como se redescobríssemos a importância do sujeito (“psicologia”) e do seu entorno(“ecologia”). Exaltamos valores primitivos(povos indígenas, religiosidade popular...) e particularidades de grupos minoritários.

Um novo mundo renasce, embora não vislumbramos, ainda, como ele será. Sentimos dificuldade de adaptar-nos ao velho; mas não conseguimos habituar-nos completamente ao novo. 

Como Ínhigo de Loyola adentramos num mundo novo. 

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