Espiritualidade Inaciana para o 3º Milênio...




Num mundo cansado, confuso e polarizado, a espiritualidade inaciana se apresenta como síntesedo que há de melhor nas pessoas e nas diversas culturas. Sem medo do futuro e sem prender-se demasiadamente ao passado, tenta-se viver o presente com liberdade e criatividade, como filhos no Filho e irmãos de todos os homens e mulheres, sem distinção que rompa a fraternidade humana universal. 

Num tempo de grandes condicionamentos, o ser humano é, para Inácio, um ser histórico, improgramável e irrepetívelna sua individualidade. Todos somoschamados à liberdade, apesar dos condicionamentos físicos, psíquicos ou espirituais que experimentamos. É preciso descondicionar-se (“tirar de si as afeições desordenadas...”) na medida do possível, para assumir a própria história como oportunidade e graça. 


Vivemos tempos confusos, onde o trigo e a cizânia, a verdade e a mentira se misturam. As `Fake News´ pululam por toda parte. Discernir é preciso. Nem todo aquele que usa o nome de Jesus tem o seu “Espírito”. Precisamos distinguir o início, o meio e o fimpara descobrir o Deus vivo que surpreende e desconcerta. Nem tudo o que reluz é ouro!  

Num mundo complexo, Inácio de Loyola nos ensina a perceber e ler o melhor da história. Nossas narrativas caminham misturadas com o trigo e a cizânia espalhadas. Descobrir a própria TEO-grafia já é uma graça. 

Todos queremos viver a fraternidade humana, sem preconceitos raciais, sociais ou religiosos. Nossas diferenças são uma riqueza e dádiva do Todo-poderoso. Só o amor une os opostos numa igreja poliédrica, cujo centro é Jesus Ressuscitado, Alfa e Ómega de nossa história. O Espírito Santo nos diversifica nos seus carismas, mas ao mesmo tempo nos amoriza.

Pela santa e imaculada encarnação do Verbo de Deus, a salvação tocou a vida de todos os homens e mulheres do nosso planeta. A graça tocou nossas vidas iluminando-as, realizando-as, salvando-as. Nada ficou fora da redenção.Nossa fé pode provocar rupturas, mas não destrói nada. Tudo colabora para a globalização da solidariedade.  

Entramos numa nova fase da história humana. O primeiro milênio do cristianismo foio “reinado absoluto de Deus” e, consequentemente, trouxe a marginalização do homem. A pompa da liturgia bizantina, fiel expoente dessa primeira fase, absolutizou a divindade. Esse modo de ser e de proceder trouxe a morte do homem pelo homem, em nome do primado de Deus. 

O segundo milênio, seguindo a lei do pêndulo, tentou ser oreinado absoluto do homem”, rivalizando com o Deus do primeiro milênio. Quais as consequências? A marginalização e morte de Deus. Renascimento, Iluminismo e Modernidade foram os expoentes desse segundo tempo agora acabado. Esse modo técnico e científico de encarar a vida trouxe medo (bomba atômica), pobreza extrema, violência máxima e a morte do homem pelo homem, em nome da ciência e da razão. 

Entramos agora no terceiro milênio da nossa história cristã, e nos encontramos cansados e desiludidos. Agradecemos as grandes descobertas tecnológicas, mas ainda sonhamos com o Infinito, onde Deus não seja mais o rival do homem, nem o homem de Deus, mas ambos parceiros e melhores companheiros. Essa nova fase, apenas iniciada, convive ainda com os estertores do milênio que finalizou.

A experiência da espiritualidade inaciana nos pode iluminar e acompanhar neste deslumbrante mundo novo. Inácio de Loyola sentiu-se companheiro de Jesus nesta empreitadae todos os humanos como parceiros e construtores de uma sociedade mais justa e fraterna. Inácio rompeu o encantamento da bolha de sabão que o rodeava e se abriu para a realidade histórica que lhe tocou vier. 

Hoje somos convidados a sonhar o impossível para o bem de todos. 

Em tudo, amar e servir!

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