23º DTC: Decisões vitais... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)

Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo... (Lc 14,33)



O verbo que marca o início do relato evangélico não indica seguimento, mas acompanhamento. Seu significado: “viajar com”, “caminhar junto a”, não manifesta adesão ou identificação com a pessoa com quem se compartilha a caminhada.

As grandes multidões vão se somando pelo caminho, à marcha dos seguidores de Jesus. Agregam-se ao passo do Galileu, mas não se comprometem com Ele nem com a causa do Reino. Jesus provoca uma parada e se dirige à multidão. Suas palavras interpelam e distinguem acompanhantes de seguidores. Não basta simplesmente acompanhar Jesus. Chegou o momento de tomar decisões. Segui-lo aderindo-se a seu projeto, exige completa prioridade. 

Ficam claras as condições que marcam a fronteira entre “ser massa” e formar parte do grupo daqueles(as) que se identificam com Jesus.

Frente à multidão que “só acompanha”, Jesus apresenta dois casos. Os protagonistas de ambos exemplos se encontram frente uma ação a realizar. Precisam tomar uma decisão. No primeiro caso, trata-se de construir uma torre“qual de vós querendo construir uma torre...” É preciso refletir sobre si mesmo e fazer cálculos das possibilidades que se tem em mãos. No segundo caso, fala-se de uma terceira pessoa, um rei que vai enfrentar uma batalha“qual é o rei que ao sair para guerrearcom outro...”

No primeiro, ressalta-se a atividade construtiva e pacífica; no segundo, aparece um risco: uma guerra que surge repentinamente. Trata-se de pensar; pensar antes de fazer; e fazer requer discernimento.

O tema central do evangelho deste domingo é tão forte que se torna quase impossível abordá-lo de frente. Ponhamos em prática o conselho que recebemos: “sentar-nos para pensar”, parar um pouco e sentar-nos.

Jesus chama, antes de mais nada, a um discernimento maduro. Os dois protagonistas das parábolas “se sentam” para refletir, discernir... Não se pode dar o passo sem medir as consequências. 

Os apelos de Jesus são absolutos e constantes. Se estamos apegados ao que temos, jamais seremos capazes de “fazer estrada com Ele”. Para seguir a Jesus, devemos esvaziar-nos dos “apegos” que imobilizam-nos, congelam-nos..., impedem-nos crescer: Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo...

entrega parcial não é entrega. O “apego” a algo ou alguém, que esvazia o seguimento, anula o resto da entrega. Viver é tomar decisões. Sabemos que nossas decisões vão modelando nossa vida. Como “cristificar” nossas opções, ações, valores, compromissos?

É no decidir que nos tornamos pessoa. São “significativas” as decisões que imprimem uma direção à vida, carregadas de sentido e comprometidas... Decidir é viver e definir-se.

coragem de decidir com firmeza e clareza é o que distingue o(a) seguidor(a) de Jesus, e lhe dá sua dignidade e personalidade. Não há melhor escola humanizadora do que saber decidir. Se evitamos decisões ou fugimos de responsabilidades, condenamo-nos a viver parados. 

Precisamos enfrentar dilemas, encruzilhadas, perplexidades e responsabilidades. Isto nos faz ter acesso à vida plena, mobilizar nossas forças, encontrar a nós mes-mos, encontrando-nos com Aquele que nos inspira.


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