É sábado, mas parece domingo. Todo mundo quer ver de perto os três cadáveres: o do pároco jesuíta, Pe. Rutílio Grande, 46 anos, o do Manoel, 72 anos, catequista e o do jovem coroinha Nelson, 16 anos... Eles foram metralhados a tiros pouco antes das cinco horas da tarde.
Os três foram colocados sobre uma mesa com os sinais dos disparos às vistas. Uma das balas atravessou o crânio do Pe. Rutílio e, embora quase sete horas já se passaram, a ferida continuava sangrando. Alguém pega uma toalha e tenta parar o sangue...
O povo olha e reza assustado. Se fizeram isso com o lenho verde... Nesse momento, entram dois bois bispos. Um deles é Monsenhor Romero, e aparece vestido de preto rigoroso. O Pe. Rutílio era seu amigo. Ele se aproxima, absorto, confuso e imediatamente reconhece a mulher que limpa delicadamente o rosto do padre, como se estivesse limpando a estátua de um santo.
-Se não mudarmos hoje, não haverá amanhã...
A noite apenas começou. Isso aconteceu no dia 12/MAR/1977.
No dia seguinte, D. Romero, Arcebispo de San Salvador, parecia muito mais forte do que já era. E começou a acusar o governo por mais esta barbarie cometida...
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