6. BÊNÇÃO PARA CASAIS HOMOSSEXUAIS?...



Sabemos que alguns países estão mais avançados do que outros nesta possibilidade pastoral de abençoar as uniões homo afetivas. Quando duas pessoas estreitam publicamente uma aliança de vida, Deus aí está. Se é entre um homem e uma mulher a Igreja Católica reconhece nessa união um sacramento; não assim quando se trata de duas pessoas do mesmo sexo.

Seja como for, esse vínculo é sempre válido diante de Deus e dos homens. Quando dois seres humanos se entregam um ao outro para se ajudarem mutuamente, isso é de Deus, e Ele se alegra com a alegria dessas pessoas. Deus é amor.

O vínculo vitalício, mesmo entre duas pessoas do mesmo sexo, vale diante de Deus mesmo sem a bênção da Igreja. No matrimônio, os ministros são os esposos que, mediante o seu consentimento, dão-se mutuamente o sacramentoNo caso das uniões homossexuais não, embora isso ocorra na consciência dos parceiros. Se a bênção da Igreja não é possível, não é sequer necessária. Se o casal percebe a própria união como casamento, a Igreja não tem o poder de cancelar essa fé.

Sabemos que, para alguns casais, a bênção da igreja é importante para selar seu amor e união diante de Deus, dos familiares e amigos. Sabemos também, que diante da resistência oficial da igreja os parceiros podem pedir a sua bênção diretamente a Deus, mas um gesto público e eclesial tornaria essa bênção mais visível. Seria um gesto de solidariedade que poderia constar no Ritual de Bênçãos.

No caso de uma recusa por parte da igreja, a validade do vínculo não é posta em discussão, pois ela tem um significado diante de Deus, e também das pessoas. A presença de Deus não desaparece, mas a bênção por parte de um ministro seria um sinal relevante de acolhimento, empatia e apoio. Essa bênção seria reconfortante e fraterna para os noivos, e negá-la não seria humano nem evangelicamente saudável.

As objeções para uma bênção a casais homo afetivos são fracas e a Igreja não deveria levá-las em conta.

evolução das relações humanas produziu, queiramos ou não, novas formas de vida social. Como imaginar a criação divina negando essa ajuda a pessoas homo afetivas? Isso não seria coerente com o amor de Deus. Quando dois seres humanos cuidam um do outro, aí está também Deus. A fecundidade, neste caso, é a acolhida recíproca e a solidariedade cultural com outras pessoas.

A bênção de Deus dada pelo ministro é sinal de compromisso mútuo, reforça o afeto e ajuda a carregar o peso da vida e do trabalho. Negar a bênção de Deus equivale a negar o amor de Deus revelado em JesusA Igreja Católica não precisa ser assim.

Uma Igreja solidária, pronta para rezar a Deus e ajudar o casal homo afetivo, fortalece o bem existente nessa relação, e é mais parecida com o amor de Deus. É surpreendente que um casal homossexual peça ainda a benção na Igreja Católica quando sabem que ela sempre os marginalizou e até desprezou. A bênção curaria as feridas históricas que foram semeadas.

Muitas pessoas LGBT abandonaram a Igreja Católica por essas rejeições. Portanto, se ainda algumas pessoas homossexuais a consideram digna e capaz de rezar a Deus por uma bênção, deveríamos ser imensamente gratos por ainda sermos dignos dessa mediação. Oferecer essa bênção a quem a pedir seria um sinal de conversão por parte da Igreja Católica devido à injustiça longamente cometida, e ajudaria a restaurar nossa credibilidade diante de um Deus que não faz acepção de pessoas.

Essa nova atitude pastoral deveria valer para todos os marginalizados e excluídos, pois uma Igreja mais aberta é uma Igreja mais evangélica. Nesse sentido, a bênção para casais homossexuais seria também uma bênção para a própria Igreja.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas alguns passos já foram dados. Se a Igreja, resistir à misericórdia e à acolhida, ficará relegada a um gueto de puritanos.

O dom recíproco das pessoas homo afetivas concorda com os valores do Evangelho e deve ser considerado como um reflexo da presença de Deus e seria um modo de restituir dignidade aos casais que sinceramente buscam a Deus. 

No início de janeiro (2018), o bispo Franz-Josef Bode, vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, em uma entrevista ao jornal Neue Osnabrucker Zeitung disse que a Igreja deveria criar uma cerimônia de bênção para os casais homossexuais: "Precisamos pensar como distinguir a relação entre duas pessoas do mesmo sexo. Nelas há algo muito positivo, bom e justo, e devemos reconhecê-lo". Ele prosseguiu dizendo que as uniões homossexuais são uma realidade: "Devemos, portanto, perguntar-nos como ir ao encontro de quem firma tal união e é em parte envolvido na vida da Igreja. Como podemos acompanhar essas pessoas do ponto de vista pastoral e litúrgico para não as decepcionar?".

E VOCÊ O QUE PENSA SOBRE ESTE ASSUNTO?



7 comentários:

  1. Não consigo entender porque duas pessoas do mesmo sexo não possam se unir e formar uma família... Qual sentido de se recriminar isso? Onde estaria o pecado dentro de um ato de doação e amor? Onde estaria o pecado em uma relação que gera felicidade a todos e não faz mal a ninguém? (Renato B)

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  2. Não vejo problemas. Se buscam a Deus com sinceridade de coração, quem sou eu para não reconhecer a graça que envolve um casal homoafetivo? Nos Evangelhos Jesus nunca tem preconceitos, mas, antes de tudo, acolhe, ama e serve... (Marcos P)

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  3. Mais do que na hora da Igreja deixar de ser hipócrita...
    Como diz o moço acima: tá cheio de "cristão" que só segue a Igreja da boca para fora e está aí: sendo paparicada... enquanto Jesus tá doido para chicoteá-los e botar para fora do templo... (Daniela R)

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  4. A benção não se nega a ninguém.... a misericórdia e o amor de Deus são para TODOS. (Pe. Juan Carlos R)

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  5. Muito bom!! Gostei muito!!! Obrigada, Pe. Ramón!!
    Um grande abraço.
    Estou com saudades... (Virgínia S)

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  6. Muito o bonito, só me falta o marido, que é o mais difícil... (Paulo C)

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  7. O senhor sabe que sempre pensei assim, sou a favor! Amor é amor!!! Adorei o texto, parabéns! 👏👏👏

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