E vós, quem dizeis que eu sou?... (Mt 16,15) Quem és tu, Senhor?... (At 9,5)
Quando narramos nossa história de vida facilmente mencionamos alguém que nos marcou profundamente. Nossa memória retorna a elas por sua constante inspiração. Daí a pergunta de Jesus aos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Dependendo da resposta virão as implicações... O encontro com Jesus desvela nossa verdadeira identidade, e nosso modo de ser e de agir poderão serão cristificados. Daí a mudança do nome de Cefas para Pedro... Só Jesus conhece quem somos e o que podemos realizar.
Mas, quem é este homem Jesus? A resposta não pode ser teórica, mas vivencial. “O que a tua vida diz de mim?”, pergunta Jesus. Os primeiros cristãos se fizeram muitas perguntas para compreender o mistério da pessoa de Jesus... Nós temos também que dar a nossa resposta...
Dar por definitivas as respostas dos primeiros concílios acabam nos afundando na rotina da repetição de fórmulas. O decisivo é descobrir a qualidade humana de Jesus e deixar que Ele desvele o que há de mais humano em cada um de nós. Afinal, o centro da missão do Mestre de Nazaré está em nos ajudar a sermos um pouco mais humanos, sobretudo nas relações com os outros e com o Pai. Uma fé sem perguntas acaba esvaziando o sentido da vida. Somos seguidores de uma Pessoa (Jesus Cristo) e não de respostas teológicas que foram dadas...
Nossa fé hoje é a mesma de Pedro e de Paulo. Não devemos nos escandalizar se, às vezes na Igreja aflore mais o “Simão” rude e escandaloso ao invés do Pedro, pobre pescador... Ou o agressivo “Saulo”, ao invés do Pauloseguidor apaixonado de Jesus.
Simão e Saulo passaram por profundas transformações a partir do encontro com Senhor; processo lento, sendo lapidados pela vida e pela graça até brotar a nova identidade escondida nas cinzas do auto-centramento. Nova identidade: Pedro e Paulo, discípulos do Senhor.
Somos barro que respira, frágeis e inconstantes, mas carregamos um tesouro que nos dignifica. Nas profundezas de nosso ser, há um “Pedro” e um “Paulo” esperando a oportunidade para se manifestar. Deus, na sua eterna paciência, espera momentos especiais para dar o seu “toque” em nosso eu profundo, e assim despertar o que ainda seremos.
Diante de nós está Jesus Cristo para nos dar a “chave” do Reinos dos Céus, como fez com Pedro. Na perspectiva bíblica “céus” significa vida em profundidade, vida expansiva, vida que nunca se acaba. Temos em nossas mãos as chaves da vida. O que fazemos com elas? Podemos abrir ou fechar, ligar ou desligar, atar ou desatar....
Deus confiou e colocou em nossas mãos a “chave da vida”. Aqui está nossa grandeza, enquanto seres humanos: optar por uma vida aberta ou fechada, expandir ou retrair...
Nossa própria interioridade é a rocha consistente e firme (“tu és Pedro”), bem talhada e preciosa que cada um de nós tem, para encontrar segurança e caminhar na vida superando os desafios e as inevitáveis resistências na vivência do seguimento de Jesus.
Paulo deu a vida por seu Senhor a o anunciou como vivo por onde andava...
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