04. ENCARNAÇÃO: ÊXODO DA TRINDADE...



O Pai é a fonte última de tudo, fundamento amoroso e comunicativo de tudo o que existe. O Filho, por Quem tudo foi criado, uniu-se a esta terra, quando foi formado no seio de Maria. 


O Espírito, vínculo infinito de amor, está intimamente presente no coração do universo, animando e suscitando novos caminhos” (Laudato si’ n. 238). Tudo está interligado, e isso convida-nos a maturar uma espiritualidade da solidariedade global que brota do mistério da Trindade” (laudato si´ n. 240).

 

Na contemplação da Encarnação, S. Inácio nos convida a imaginar a Trindade que, com seu olhar contemplativo, acolhe “a grande extensão e a curvatura do mundo”, de tal maneira que nada do que é “mundano” é deixado para trás, evitado ou negado. 

 

Não só Deus ama radicalmente a sua criatura, senão que se “abaixou” e se fez um de nós em Jesus. A carne é digna de Deus, e a Encarnação é a expressão mais profunda de que somos de Deus. Rompe-se o medo do corpo, do humano, do diferente, do mundo... 

 

A decisão da “humanização” de Jesus brota das entranhas do DeusVer e considerar as Três Pessoas divinas... O Criador não é nosso rival, mas amigo; não é insensível, mas providente; não é ameaça, mas alívio, plenitude, e fonte de nossa liberdade...

 

O relato da Encarnação nos revela a atitude da Trindade no seu encontro com o mundo. Em Jesus Cristo, nos fazemos conscientes da relação que há entre todos os seres humanos e destes com todas as demais criaturas e com o Criador. O caminho para a plenitude consiste em “entrar no fluxo do encontro intra-trinitário”, reconstruindo as relações rompidas. Ele chamou o ser humano a sair de seu mundo fechado, para expandir-se em direção a um novo encontro com tudo o que existe. Tal incidência é prolongamento do encontro trinitário. Não vivemos um encontro sadio com Deus sem levar a sério o meio da “encarnação” de Jesus. A “encarnação” de Jesus é a “humanização” de Deus e a “divinização” do ser humano. Sem a humanização não haveria divinizaçãoO único meio de encontrar Deus é fazer-nos profundamente humanos.

 

Portanto, o sentido de nossa existência cristã não está em “divinizar-nos”, mas em “humanizar-nos”. O “ponto de encontro” entre Deus e os seres humanos é o “divino humanizado”. humano é o único meio e a única possibilidade para termos acesso ao divino. divino se adultera sempre que cometemos agressões contra o ser humano.

 

Contemplemos com o olhar da Trindade nosso mundo fragmentado, vendo as diversidades em conflito, sofrimento, exclusão e morte. Espaços cada vez mais extensos e problemáticos; mas, nas suas profundezas se revela a presença do Filho de Deus “novamente encarnado” (EE 109). Tal aproximação deve ser feita a partir da compaixão

 

A contemplação do mistério da Encarnação ativa em nós uma maneira `cristificada´ de ser e de estar no mundo. A “Encarnação” nos expande e nos lança em direção à humanidade. Quem experimenta o encontro com o Deus vivo e amoroso, começa a “ver” a humanidade como Deus a vê. Tornamo-nos mais comprometidos com os mais pobres, sofridos e excluídos. O “subir” até Deus passa pelo “descer” até às profundezas doídas da humanidade.



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