AUDIÊNCIA AO CORPO DIPLOMÁTICO...

 


A audiência ao Corpo Diplomático constitui um dos eventos mais significativos do ano no Vaticano. Ao receber os embaixadores, o Papa formula seus votos de felicitações aos mais de 180 países com os quais a Santa Sé mantém relações diplomáticas. O Papa faz uma análise da atual conjuntura sociopolítica mundialO mundo está doente, e não só por causa do vírus.

Crise sanitária. A doença e a morte ficaram muito palpáveis com a pandemia, o que leva a recordar o valor da vida. O Papa manifestou sua dor com o fato de que muitas legislações no mundo se afastaram do seu dever primário de defender a vida, legalizando o aborto com o pretexto de garantir “pretensos direitos subjetivos”.

 

Crise ambiental. Mas, “não é apenas o ser humano que está doente, a nossa Terra também o está”. Exploração indiscriminada dos recursos naturais e as mudanças climáticas, que provocam, por sua vez, insegurança alimentar e desastres ambientais. Burkina Faso, Mali, Níger e Sudão do Sul foram alguns dos países destacados...

 

Crise econômica e social. No campo econômico, a pandemia obrigou muitos países a adotarem quarentenas e lockdowns para conter a difusão do vírus, com o consequente aumento do desemprego e da vulnerabilidade social. Crises humanitárias foram acentuadas, como o tráfico de seres humanos, a exploração da prostituição e o fluxo migratório. O Papa mencionou a tensão na região moçambicana de Cabo Delgado, na Síria e no Iemên. Violações cometidas contra milhares de deslocados, refugiados e repatriados.

É necessária uma “nova revolução copernicana”, que coloque de novo a economia a serviço do homem e não vice-versa..

 

Crise política. A política também sofreu de Oriente a Ocidente, mesmo em países de longa tradição democrática. O Papa constatou um “aumento das contraposições políticas e a dificuldade, senão mesmo a incapacidade, de procurar soluções comuns e partilhadas para os problemas que afligem o nosso planeta". E encorajou os países a empreenderem reformas. Manifestou sua satisfação com o Tratado para a Proibição das Armas Nucleares, com sua iminente viagem ao Iraque e o prolongamento do Acordo Provisório entre Santa Sé e China sobre a nomeação dos Bispos. “Trata-se de um entendimento de caráter essencialmente pastoral e a Santa Sé espera que o caminho percorrido continue, em espírito de respeito e mútua confiança.”

 

O Papa desejou paz para Mianmar, Líbano, Terra Santa e Líbia e fez votos de que em 2021 se possa inscrever a palavra “fim” no conflito na Síria. Para a América Latina, os votos são para que se consiga aliviar as tensões políticas e sociais, “cujas raízes se encontram nas profundas desigualdades, nas injustiças e na pobreza, que ofendem a dignidade das pessoas”. O terrorismo também preocupa, pois com frequência atinge os locais de culto.

 

Crise dos relacionamentos humanos. Para Francisco, há uma crise que talvez seja a mais grave de todas: a crise dos relacionamentos humanos, expressão de uma crise antropológica geral.

 

O Papa manifestou sua preocupação com a “catástrofe educativa”, acirrada com a pandemia, que evidenciou a desigualdade no acesso à instrução, relegando milhões de estudantes a um limbo pedagógico.

A Covid-19 impactou também nos relacionamentos familiares, com o aumento da violência doméstica e nas limitações da liberdade religiosa.

 

“O ano de 2021 é um tempo a não perder; e não se perderá na medida em que soubermos colaborar com generosidade e empenho. Neste sentido, considero que a fraternidade seja o verdadeiro remédio para a pandemia e os inúmeros males que nos atingiram. Fraternidade e esperança são remédios de que o mundo precisa, hoje, tanto como as vacinas.

 

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