1º Regras de Discernimento da 2ª Semana dos EE... (cf. Pe. Chércoles SJ)

 


[329] 1ª Regra. É próprio de Deus e de seus anjos, em suas moções, dar verdadeira alegria e gozo espiritual, tirando toda a tristeza e perturbação que o inimigo incute. Deste é próprio lutar contra esta alegria e consolação espiritual, aduzindo razões aparentes, sutilezas e freqüentes ilusões.


1. O caminho de Jesus é de alegria profunda e não de tristeza ou confusão. Estas são contrárias a Jesus e procedem de enganos, falsidades ou aparências.

 

 

 

- É próprio de Deus e de seus anjos, em suas moções: Santo Inácio quer dar-nos sinais para distinguir as moções (o que nos movimentam por dentro): as que vêm de Deus e as que não vêm dEle. Por “anjos” devem ser entendidas as mensagens que Deus nos envia e que podem chegar das mais variadas formas.

 

- dar verdadeira alegriaO caminho de Jesus é de alegria profunda: nem toda alegria que se experimenta é verdadeira; muitas alegrias duram um só momento e o que é pior, podem deixar o sentimento de “seco e descontente”, como dizia s.Inácio. Para que uma alegria seja de Deus, ela tem que ser “verdadeira” (profunda); ela tem que nos preencher e assim “nos deixar contentes e alegres”.

 

- e gozo espiritual: a alegria nós a sentimos por algo que acontece. O gozo já é uma experiência que nos invade e preenche por dentro, aconteça o que acontecer por fora; ela não depende do que nos rodeia.

 

Não podemos dizer o que é o gozo, mas sim que é preciso senti-lo. Por isso, s.Inácio o chama de “espiritual”, isto é, não é material, não é uma “coisa”.

 

Por exemplo, ter um carro me enche de alegria, mas não pode me encher de gozo, pois este não vem do acumular coisas. O gozo dá sentido à vida, e mais ainda, faz-me sentir pleno de vida e com vontade de oferecê-la. 

 

Pois bem, Santo Inácio, nesta regra, diz que o que é próprio de Deus é dar esta alegria que não deixa vazio e este gozo “espiritual”, que nos libertam de tudo o que nos destrói ou afoga.

 

- tirando toda a tristeza e perturbação que o inimigo incute: quando alguém experimenta esta alegria e gozo de Deus, sente que não há lugar para tristezas e perturbações (medos, angústias, preocupações, etc.).

 

- Deste (inimigo) é próprio lutar (ir) contra esta alegria e consolação espiritual: é importante tomar consciência de que, segundo s. Inácio, o que pode nos deprimir, ou até destruir o sentido da vida, é trazido “pelo inimigo”, nunca por Deus. Mas, como nos “incute” (nos coloca) o “inimigo, a tristeza e perturbação”?

 

-  aduzindo razões aparentes, sutilezas (nos esquentando a cabeça) e freqüentes ilusões (repetidos enganos); Estas são contrárias a Jesus e procedem de enganos, falsidades ou aparências: quer dizer, é preciso fazer mais caso daquilo que nos preenche o coração de “verdadeira alegria e gozo espiritual” do que de todas “as minhocas na cabeça” ou das desculpas que acabamos por buscar, totalmente, para deixar de lado o que vale a pena.

 

 


Um comentário:

  1. Que bela reflexão em tempos desafiadores. Perceber as moções para melhor discernir e assim de modo lúcido perceber os sinais de Deus e do inimigo no ordinário da vida. É um exercício contínuo de um experimentar a Graça de Deus em nossas vidas e nos lapidando internamente para a vivência desse gozo (alegria) de estar em comunhão.
    Nesses tempos de pandemia, sugiro mais textos das regras de Santo Inácio para melhor rezar, discernir e saborear.
    Marcelo Russo.

    ResponderExcluir