8ª Regra do discernimento da 2ª Semana dos EE...




[336] 8ª regra. Quando a consolação é sem causa, embora não exista nela engano, por proceder unicamente de Deus Nosso Senhor, como se disse, contudo a pessoa espiritual, a quem Deus dá tal consolação, deve com muita vigilância e atenção considerar e discernir o tempo propriamente dito da atual consolação, do tempo seguinte, em que a alma continua ardente e favorecida com o benefício e remanescentes da consolação anterior. Pois muitas vezes, neste segundo tempo, ela, julgando a partir de seus próprios hábitos e deduções dos conceitos e juízos, ou por efeito do bom ou do mau espírito, formula diversos propósitos e opiniões, que não são dados imediatamente por Deus Nosso Senhor. Por isso, é necessário que sejam muito bem examinados, antes de se lhes dar inteiro crédito ou de serem postos em prática.


- Quando a consolação é sem causa procede unicamente de Deus Nosso Senhor. Paz e  alegria se dão de forma inesperada, como sinais da Presença de Jesus.

 

- contudo a pessoa espiritual, a quem Deus dá tal consolação, deve com muita vigilância e atenção considerar e discernir o tempo propriamente dito da atual consolação, do tempo seguintehá que se ter muito cuidado com o tempo seguinte, com quando eles passarem: aqui, s. Inácio volta a lembrar-nos de algo que já vimos na Introdução ao Discernimento de 1ª Semana. Agora, tenho que “vigiar” e estar muito “atento” para “considerar e discernir” o tempo em que foi só e apenas Deus quem me surpreendeu com Sua consolação, porque sempre, em minha vida, será fonte de luz, força e ajuda, e valerá mais que qualquer coisa que me possam dizer de Deus.

 

No entanto, uma coisa é recordar e ajudar-me com esse “presente”, e outra é crer que, de agora em diante, porque tive essa experiência de Deus, já não mais me enganarei. Por isso, há que distinguir o que Deus me deu, do tempo seguinte a isso.

 

- em que a alma continua ardente e favorecida com o benefício e remanescentes da consolação anterior; pois a pessoa fica predisposta pelo vivido: quando Deus se fez presente em minha vida, na “consolação sem causa”, a alegria e a paz que experimentei podem deixar-me tão entusiasmada, que eu chegue a “alucinar”, acreditando que o que me acontecer ou o que eu sentir, depois, também será “unicamente de Deus”. Acontece que isso é apenas o resíduo que ficou em mim, daquela experiência tão profunda, mas não é Deus. Recordar o que nos foi dito na 3ª e 4ª regras de 2ª Semana: quando a consolação é “com causa”, quando buscamos a Deus usando de nossa inteligência, vontade, imaginação, etc., ela pode ser verdadeira ou falsa.

 

- Pois muitas vezes, neste segundo tempo, ela, julgando (raciocinando) a partir de seus próprios hábitos (amarras, hábitos, manias) e deduções dos conceitos (ideias) e juízos, ou por efeito do bom ou do mau espírito, formula diversos propósitos e opiniões, que não são dados imediatamente por Deus Nosso Senhor; E porque, nesse tempo, muitas vezes se lhe ocorrem coisas ou projetos que não são os de Jesus, ou mesmo são contrários a Ele e à sua causa: portanto, s. Inácio nos avisa que neste segundo tempo, não é Deus que atua, mas sim eu mesmo com meus raciocínios, ideias, manias, etc., e aqui posso ser enganado pelos meus propósitos e por aquilo que me ocorrer (opiniões)

 

- Por isso, é necessário que sejam muito bem examinados, antes de se lhes dar inteiro crédito ou de serem postos em prática. E, para distinguir uns dos outros, é necessário deter-se muito neles e examiná-los, antes de tomá-los por válidos e começar a realizá-los: o fato de que Deus nos dá Sua ajuda, não significa que Ele nos vai dar tudo já solucionado. Deus nunca nos substitui e nem nos anula. Ele quer que nós sejamos nós mesmos, buscando e decidindo, desde nossa liberdade. Por isso, s. Inácio caiu na conta de que Deus, quando nos visita dando-nos Luz e Força, que nem podíamos suspeitar, não é para que já não tenhamos nada a fazer, como se fôssemos crianças para quem tudo é feito, mas sim, para que nos sirva de ajuda em nossa busca do melhor, sendo responsáveis e adultos e, portanto, examinando tudo o que nos ocorre, antes de confiarmos em tudo, e o colocarmos em prática, porque poderemos ser enganados “por pensamentos bons e santos.

 

 

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