15º DTC: SEGUIR JESUS É PEREGRINAR... (cf. Pe. A. Palaoro SJ)

  Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado... (Mc 6,8)


 

Nova etapa na vida e na missão de Jesus. Os discípulos vão estar incorporados à missão que, até agora, era realizada só pelo Mestre. 

 

Depois da experiência de fracasso na sinagoga, Jesus não só intensifica o anúncio da “boa notícia” do Reino, mas compromete os seus discípulos nesse ministério. A rejeição dos dirigentes e dos seus conterrâneos o obrigam a buscar outros interlocutores não “viciados” pelo ensinamento oficial. 

 

Jesus, na Galiléia, encontrou os seus caminhos: junto ao mar, nas estradas poeirentas, nas margens... Teve suas preferências e escolheu o caminho da exclusão e da dor. Por isso, ao enviar seus seguidores, lançou-os na “estrada da vida”, para serem presenças de vida onde a vida era violentada... Para Ele, o caminho é o lugar do novo, das surpresas, dos encontros...

 

Inúmeros cristãos entendem sua fé só como uma “obrigação”. Há um conjunto de crenças que devem ser “aceitas”, embora muitos não conheçam seu conteúdo nem saibam o impacto que podem ter em suas vidas. Esta maneira de compreender e viver a fé gera um tipo de cristão medíocre, sem criatividade nem paixão alguma por contagiar sua fé. 

 

No entanto, o caminho de Jesus não vai pelo terreno pantanoso do legalismo e do moralismo, mas pelo terreno firme da misericórdia, do cuidado, do compromisso com a vida...

 

Nas primeiras comunidades cristãs o seguimento de Jesus era vivido de outra maneira. A fé cristã não era entendida como um “sistema religioso”, mas como um “caminho”, inaugurado por Jesus para nós; caminho a ser percorrido “com os olhos fixos n’Ele”

 

Seguir Jesus era deixar-se con-figurar”, ser modelado à imagem de Jesus Cristo.

 

A nossa vida é um constante êxodo, um sair do modo fechado de viver para entrar em uma outra realidade nova. A fé é um “percurso”, um constante peregrinar, e não um sistema religioso. E nessa caminhada há de tudo: momentos de encantamento, desafios, retrocessos, decisões e dúvidas... O caminho é coletivo, mas está feito de identidades particulares, onde cada um é responsável e cuidador de seu próprio processo itinerante

 

Cada um é chamado a fazer seu próprio percurso, e responsável da “aventura” de sua vida. O importante é “caminhar”, não se deter, escutar o chamado que a todos nos faz viver de maneira mais digna e ditosa.

 

“Fazer estrada com Jesus” pede uma atitude de abertura e deixar-nos questionar e desinstalar por ele... Importa redescobrir com urgência o encontro como hábito permanente de vida. Precisamos arejar nossa vida e criar vínculos com aqueles que estão à margem. 

 

Faz parte do processo de amadurecimento espiritual abandonar as poeiras que carregamos. Não se trata de esquecer o passado ou de ignorá-lo, abandonando nossa história. Mas há situações que carregamos que nos fazem ficar presos, impossibilitados de alcançar novos rumos. É preciso desapegar-nos de coisas e situações, para viver uma espiritualidade que faça crescer humanamente. 

 

Não há motivo razoável para permanecer onde o amor não puder acontecer. O amor é sempre saída de nós mesmos. A paixão pelo Reino nos mobiliza a levar adiante a missão, a ir aos lugares do mundo onde há maior necessidade. Não podemos permanecer sentados. Seguir Jesus exige colocar-nos sempre a caminho. A disponibilidade, o despojamento e a mobilidade são exigências básicas.

 

Corremos o risco de viver encapsulados em espaços feitos de hábito, e dentro de situações convencionais. Tudo conspira para que nos mantenhamos dentro dos limites estreitos do socialmente correto.


Somos discípulos de Jesus Cristo que caminha conosco rumo ao Pai de todos!



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