SINODALIDADE E DISCERNIMENTO… (Pe. J. Carlos Rengucci, PSSC)


Sinodalidade e Discernimento se entrelaçam na prática, pois na prática um precisa do outro. Não há Sinodalidade sem discernimento nem Discernimento que não se traduza num compromisso engajado e libertador. 

 

A palavra `sínodo´ significa "caminhar juntos". Assim, a sinodalidade é uma maneira de viver e agir da Igreja em sua realização como Povo de Deus. Isso se concretiza com a participação de todos aqueles que se sentem corresponsáveis por um modelo de `Igreja poliédrica´, diversa, mas sempre em comunhão. Muitas conotações decorrem disso. Vou me referir apenas à Sinodalidade e ao Discernimento levados à prática. 

 

Podemos dizer que a sinodalidade é uma forma de viver a espiritualidade de comunhão, e leva ao grande desafio de fazer “caminho juntos”. Para expressar este conceito, o Papa Francisco nos ajuda com as imagens didáticas e pastorais da esfera e do poliedro. Ele dizque na esfera todos os pontos são equidistantes do centro. Portanto, há uma uniformidade que oprime. No poliedro ocorre o contrário, pode-se dizer que diversidade é uma riqueza, e Igreja sinodal é aquela que se reflete nas comunidades locais formadas por muitas faces. Sejam sensibilidades, procedências, culturas, carismas, entre outros. 

 

Para que esta sinodalidade, este fazer caminho juntos dê o melhor de si, podemos integrar o outro conceito que chamamos de discernimento, e ele se torna chave, porque ajuda no processo de uma verdadeira conversão no agir pastoral da Igreja.

 

discernimento é um ato de confiança no Espírito, que atua não só em cada um pessoalmente, mas também na dinâmica de um grupo. E torna possível um verdadeiro movimento do Espírito. O que leva a viver a experiência de um “nós” inclusivo, onde não há espaço para a autorreferencialidade do “eu”. Em vez disso, há espaço para todos, uma troca de presentes que torna possível a diversidade equilibrada, em comunhão. Isto é essencial para que durante o processo de discernimento este espaço que chamamos sinodalidade seja procurado em benefício da pluralidade e não para um bem particular.

 

Na prática, para discernir juntos é necessário distanciar-se emocionalmente e intelectualmente do objeto de discernimento, para poder tomar uma decisão com liberdade interior de uma santa indiferença. Isso implica em desapego de si mesmo para assumir o melhor para o bem comum, mesmo que isso implique resignações e sacrifícios pessoais. É necessário, então, um processo de purificação e conversão para não fazer que o Espírito diga o que nós queremos que diga. Mas que atue com liberdade para buscar a vontade de Deus e agir processualmente, conforme os consensos obtidos. 

 

Em síntese, a prática do discernimiento e a sinodalidade nos dão um estilo que convida a ter atitudes de escuta e diálogo, para construir consensos e gerar processos comunitários que nos levem a reformar estruturas e corações, mais em consonância com os valores do Evangelho. 

 

Por isso, a originalidade pode vir do `novo´ que estas duas realidades entrelaçadas sinodalidade e discernimento, podem gerar como fruto da comunhão fraterna em vista de uma missão. 

 

Não há mais caminhos paralelos ou antagônicos, mas o aparente `caos´ inicial dará lugar a uma nova Criação, plural, solidária e fraterna, surgida como fruto da presença de Deus no meio de nós.

 

 

 

2 comentários:

  1. Como interiorizar a sinodalidade expressando a pratica do discernimento?

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    1. Acho que uma chave pode ser, a "transformação". seja das estructuras personalistas, onde se clama por mudanças, seja da mesma pessoas que necessita da conversão. Para as duas realidades se necessita a sinodalidade e o discernimento. exteriorizar, praticar.
      obrigado pela pergunta!!! estamos para servir...

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