25. Aprendendo a discernir... (Autobiografia de S. Inácio de Loyola)


Depois que isso durou um bom espaço de tempo, se foi fincar de joelhos a uma cruz (do Tort) que estava ali perto, a dar graças a Deus: Ali lhe apareceu aquela visão que muitas vezes se lhe apresentava e nunca descobrira, a saber, aquele objeto que lhe parecia muito formoso, com muitos olhos. Mas bem viu, estando diante da cruz, que aquilo não tinha a cor tão formosa como costumava. Teve então claro conhecimento, com grande assentimento da vontade, que isso era o demônio. Depois muitas vezes e por muito tempo lhe acostumava aparecer, mas ele, a modo de menosprezo, o expulsava com um bordão que costumava trazer na mão (Autob. 31).

Inácio de Loyola experimenta diversidade de moções e de sentimentos... Como pode ser tentado quem ora verdadeiramente? Como podem ocorrer na mesma pessoa e quase ao mesmo tempo, uma coisa boa e depois outra pior? Inácio aprendeu aos poucos que nada é perfeito e que ele é limitado. As ilusões existem e podem nos enganar.

O que às vezes pensamos ser “muito formoso”, talvez não seja tanto assim. Os superlativos geralmente são fruto de projeções e carências internas. O positivo e o negativo nos habitam e não podemos viver como se eles não existissem. A complementaridade harmoniza o nosso ser e a exclusão leva facilemente a fanatismos ou radicalismos desumanos.

Inácio aprendeu muito com esta diversidade interior que antes não entendia, pois começou a concretizar o melhor que experimentava e sentia. Ele se defendia do mais negativo com o cajado que tinha, como um pastor quando é atacado.

É próprio do mau anjo, assumindo a aparência de anjo de luz, introduzir-se junto à pessoa devota para tirar vantagem própria... Por isso, devemos dar muita atenção ao curso dos pensamentos: se o princípio, o meio e o fim são inteiramente bons, inclinados a todo bem, são sinal do bom anjo (EE. 332).

A verdadeira vida espiritual nos faz mais humildes, agradecidos e solidários. Desconfiemos daquelas “visões” e atitudes que nos fazem orgulhosos e menos fraternos! 

Uma pergunta: Você tira algo de bom das suas tentações?

Um comentário:

  1. Perceber como somos tentados ajuda a sermos mais compreensivos com os outros. Ao invés de criticar, desanimar, pensar em maneiras de ajudarmos no crescimento e fortalecimento espiritual, nosso e dos outros.

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