Cristianismo em poucas palavras... (Cf. L. Boff)


Não são poucos, cristãos ou não, os que perguntam: o que o cristianismo pretende? De onde vem “cristianismo”?

Nossa resposta deve esquecer todo o aparato doutrinário criado ao longo da história e ir diretamente ao essencial.

Jesus não começou anunciando a si mesmo ou à Igreja. Anunciou o Reino de Deus, que significa o sonho de uma revolução absoluta, que se propõe transformar todas as relações que se encontram deturpadas, no pessoal, no social, no cósmico e, especialmente, com referência a Deus. Esse reino começa quando as pessoas aderem a esse anúncio esperançador e assumem a ética do Reino: o amor incondicional, a misericórdia, a fraternidade sem fronteiras, a aceitação Deus vivido como Pai de infinita bondade.

Além de proclamar o Reino de Deus, qual era a intenção original de Jesus? Dá-nos, Senhor, um resume de tua mensagem; qual é a tua proposta? Jesus responde com o Pai Nosso. É a ipsissima vox Jesu: a palavra que, sem dúvida, saiu da boca do Jesus histórico.

Nessa oração está o mínimo do mínimo da mensagem de Jesus: Deus-Abba e seu reino, o ser humano e suas necessidades. Trata-se do Pai nosso e do pão nosso no arco do sonho do Reino de Deus. Dois movimentos: um rumo ao céu, e outro rumo à terra. O Pai e o pão.  “Pai nosso” e “pão nosso de cada dia...”.

Somente podemos dizer Amém se unimos os dois polos: o Pai com o pão. O cristianismo realiza essa dialética: anuncia um Deus bom porque é Pai querido e, ao mesmo tempo partilha o pão, como meio de vida para todos.

Conhecemos a tragédia que aconteceu com Jesus. Crucificado! O Reino foi rechaçado. Deus, porém, tomou partido por Jesus, e o ressuscitou.

A ressurreição não é a reanimação de um cadáver, mas, a emergência do “novo Adão”. É a realização do sonho do Reino na pessoa de Jesus, como antecipação do que vai acontecer com todos e com o universo inteiro. Isto abriu um novo espaço para que surgisse o movimento de Jesus, as primeiras comunidades em âmbito familiar e local e, por fim, a Igreja como comunidade de fieis e comunidade de comunidades.

O que significou o cristianismo na história? Há luzes e sombras vivendo em uma única Casa Comum, o planeta Terra. Crise ecológica generalizada agora, ameaçando pôr em risco o futuro de nossa civilização, e, inclusive, a sobrevivência da espécie humana.

Deus, segundo as Escrituras judaico-cristãs, é “o soberano amante da vida” (Sb 11,24) e não permitirá que a vida e o mundo, assumidos pelo Verbo, desapareçam da história.

E para você, o que é ser cristão?

2 comentários:

  1. Partilha o que temos e somos não simplesmente por partilhar, mas porque o outro é meu irmão em Cristo.

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  2. Ser cristão é não ser herege excomungado como o Leonardo boff. Uma pergunta que faço.
    Baseado em "Nossa resposta deve esquecer todo o aparato doutrinário criado ao longo da história e ir diretamente ao essencial", devo supor que tudo o que a Igreja ensinou não é essencial? Tudo o que o Espírito Santo ensinou a Igreja em dois mil anos em trivial? A verdade, é que existem pessoas, padre, como esse tal de Boff, que se dizem cristão e mostram um discurso bonito, mas tudo o.que quer é destruir a nossa Fé. Digo isso pois imagino que o senhor não comungar das idéias desse senhor pretensioso e arrogante.

    José Miguel


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