MISTICA INACIANA: No princípio era o olhar... (Cf. Pe. A. Pallaoro, SJ)

Teus olhos podem enxergar o infinito...

A grande contribuição e originalidade de S. Inácio de Loyola à história da humanidade diz respeito à aventura da descoberta do “mundo interior”, desconhecido e surpreendente, que é o coração e onde acontece o mais importante e decisivo de cada pessoa. Enquanto seus contemporâneos aventuravam-se nas descobertas de novas terras, Inácio se embrenhava nas “terras interiores” da própria existência.

Todos possuímos uma interioridade que precisamos descobrir, conhecer e conquistar. Viver em profundidade significa “entrar” no âmago da própria vida, e “descer” até as raízes do próprio ser. Só ali podemos encontrar o sentido do que somos, buscamos e desejamos.

No “eu profundo” as forças vitais se acham disponíveis para ajudar-nos a crescer dia-a-dia, tornando-nos aquilo para o qual fomos chamados. Lugar misterioso, onde reside o melhor de cada pessoa. O subir até Deus passa pelo descer às profundezas da própria humanidade.

A espiritualidade inaciana é uma espiritualidade de “descida” em direção a tudo o que é humano. Isso é possível, pois Deus já “desceu” à condição humana. Tal é o sentido profundo da contemplação do “mistério da Encarnação”.

Para S. Inácio, a Encarnação começa com um “olhar”, que compromete as Pessoas Divinas. Precisamos acompanhar esse "olhar" imenso e compassivo da Trindade sobre a humanidade.

A partir deste divino olhar contemplativo é que somos chamados a olhar, escutar, observar..., ou sentir os outros com ternura, compaixão e acolhida.

S. Inácio intuiu que o melhor caminho para a interioridade é através da ativação da imaginação. Graças à imaginação fazemos presente o ausente, e podemos construir, criar e recriar respostas que ninguém pensou antes...

A imaginação é o começo da criação. Imaginamos o que desejamos; desejamos o que imaginamos e finalmente criamos o que desejamos” (George B. Shaw)

A imaginação é a porta de entrada ao “eu original”, lugar santo e criativo das intuições e das inspirações. É no “eu profundo” que moram as emoções, a bondade e a criatividade, a arte, os sonhos e o amor... Caminhar pelas profundidades do interior é um desafio entusiasmante.

Você já se aproximou do seu eu profundo?

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