No Evangelho está
contido algo do fascínio da Terra Santa. É quase como se, por um instante,
ouvíssemos o fragor suave das ondas do
lago no qual o Senhor tinha navegado tão frequentemente com os Seus
discípulos, como se percebêssemos o
luminoso esplendor do céu do sul que se arqueia límpido e a saudação dos campos ao redor de todo
o lago, cujas flores o Senhor magnificou nas Suas parábolas.
No Seu anúncio
do Reino eterno, o Senhor colocou dentro
algo do fragor das ondas e do perfume das flores da Sua terra, e nós
ficamos contentes com isso, porque reconhecemos com alegria a afinidade com a
beleza da nossa pátria.
Mas tudo aquilo que ali é dito é apenas o marco externo em que
se enquadra a coisa maior e mais importante: a manhã da existência de um homem
em que ele recebe o chamado e o encargo da sua vida. Simão, que,
como pescador, havia anos que sulcava o lago, mais uma vez, zarpa para pescar.
Mas, quando arrasta as redes para a margem, tão pesadas e repletas – desta vez,
a pesca não era mérito dele –, inicia algo novo: "De agora em diante, serás pescador de homens", diz-lhe o
Senhor.
A rede e o barco, agora, permanecem onde
estão, outros vão cuidar deles. Tu, agora, deves lançar as redes de Deus no mar do mundo.
Agora, tu deves trazer em segurança, à margem da eternidade, os homens que,
relutantes, naquele mar do mundo, se fecham na ilusão da sua suposta
felicidade. E deves fazer isso, passando pela noite desoladora de tantos
insucessos; deves fazer isso sem perder o ânimo e sem resmungar, mesmo nas
horas amargas nas quais tudo te parece em vão e o trabalho da tua vida,
desperdiçado.
Isso aconteceu
naquela época, quase 2.000 anos atrás, em uma manhã da existência de um homem.
Mas não só naquela época. Acontece agora
também, aqui, hoje.
De fato, o que acontece na ordenação sacerdotal e na primeira
missa, senão isto: Cristo se apresenta de novo a alguns jovens,
tirando das suas mãos barcos e redes, às quais eles tinham amarrado este ou
aquele sonho de juventude, e lhes diz: agora,
vocês devem se tornar pescadores de homens. Devem zarpar no mar do mundo para lançar a rede de Deus com coragem e
com magnanimidade, em uma época que parece ter todo o interesse de fugir de
Deus, o santo predador.
Por isso, é como um eco do Lago de Genesaré, quando, no
início da ordenação sacerdotal, o bispo enuncia aos jovens diáconos as futuras tarefas que estão à sua frente;
de modo objetivo, franco, simples e sintético, assim como antigamente a língua
dos romanos, dominadores do mundo, ele formulou essas tarefas.
O sacerdote deve
oferecer o sacrifício, abençoar,
presidir, pregar e batizar. Palavras breves, mas repletas de conteúdo,
sobre as quais os candidatos ao sacerdócio refletiram muito nos dias dos
exercícios antes da ordenação, porque, nessas
palavras, certamente, está encerrado, agora, todo o sentido da sua vida futura.
Uma pergunta: E você, por que não faz como aqueles pescadores primeiros?
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