Insônia de um padre de paróquia... (Pe. Luis A. C. Neto)


É noite... la fora escuridão. Dentro de casa a luz artificial permite que eu veja onde as coisas estão: os móveis, para eu não tropeçar, a TV que não quero ligar,  o sujo que devo limpar, a desordem que preciso ordenar, as plantas que quero molhar, o quebrado que posso arrumar e outro que só posso jogar, a fruta que gosto de comer, o doce que é melhor deixar...

Vejo caneta e papel.

É tarde e o sono não vem. Faço tudo o que as minhas pequenas neuroses me pedem e fico tranquilo. E sem neurose alguma me ponho a rezar... me deixo rezar... é somente um estar diante do Senhor da minha vida. Sim, Ele mesmo, Deus. Então, tudo se acalma e a paz invade a minha alma. Sinto-me repleto de tudo, quando o tudo necessário não é muito, é bem pouco.

Abro a porta, e adentro na escuridão do quintal. Não sinto medo. Não peço nada. Esta noite não quero dormir. Vou ficar unido às criaturas que não se assustam nem questionam a noite escura. Apenas repousam no silêncio e continuam sendo o que são. Me uno às árvores, às plantas, às flores... que não vejo, mas sei que estão onde estavam quando era dia. Ficarei muito atento aos passarinhos. O primeiro que cantar terá o meu acompanhamento. Vou entoar com ele e com os outros a melodia alegre que anuncia que a luz está voltando, trazendo o dom de um novo dia.

Só alegria sem explicação... 

Mesmo na falta de inspiração, consolação... E uma vontade enorme de ser grato...


Gratidão!

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